Moraes aponta os discursos de 7 de Setembro de 2021 como marco da ofensiva golpista de Bolsonaro

O ministro recordou manifestações em que o ex-presidente assegurou desprezar determinações do STF e afirmou que não deixaria o Palácio “se preso, morto …

09/09/2025 11:54

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Moraes aponta os discursos de 7 de Setembro de 2021 como marco da ofensiva golpista de Bolsonaro
(Imagem de reprodução da internet).

Na terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, prosseguiu com a leitura de seu voto no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados acusados de integrar a trama golpista. Segundo o relator, os atos executórios que visavam a tentativa de golpe de Estado podem ser identificados a partir de 2021, quando Bolsonaro intensificou os ataques às urnas eletrônicas e ao STF.

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Moraes recordou declarações feitas em transmissões ao vivo nas redes sociais, em que o então presidente disseminou desinformação sobre o sistema eleitoral e lançou suspeitas contra ministros da Corte. Em julho daquele ano, Bolsonaro afirmou que as urnas “não são auditáveis”, insinuou fraudes em pleitos passados e acusou magistrados de parcialidade. O relator ironizou a mudança de tom do ex-presidente: “Alguém que por 40 anos venceu eleições como deputado, que ganhou em 2018, passou a sustentar mentiras disseminadas rapidamente pelas milícias digitais”.

A escalada atingiu um novo patamar nas manifestações de 7 de setembro de 2021. Diante de uma multidão na Avenida Paulista, Bolsonaro declarou que somente sairia “preso, morto ou com a vitória”, chamou Moraes de “canalha” e anunciou: “Qualquer decisão desse Alexandre de Moraes, este presidente não cumprirá”.

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Para Moraes, se tratou de uma clara ameaça contra a Corte. “Isso não é conversa de bar, é o presidente da República instigando milhares de pessoas contra o sistema eleitoral, contra o STF e contra ministros desta Corte”, disse. “Qualquer pessoa de boa-fé sabe que isso aumenta exponencialmente as ameaças contra o Tribunal, contra seus ministros e suas famílias.”

Na mesma data, Bolsonaro alertou que o STF ainda tinha tempo de encerrar investigações que o envolviam. Moraes retrucou: “Somente em ditaduras juízes ou ministros fazem o que o ditador determina”.

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O ministro também mencionou a reunião de 5 de julho de 2022, já véspera da eleição. Para ele, o encontro marcou uma virada na atuação da organização criminosa, com a presença de Walter Braga Netto — então candidato a vice na chapa de Bolsonaro — mesmo sem cargo no Executivo. “Essa não foi uma reunião ministerial, foi uma reunião golpista, que buscou arregimentar servidores para um golpe de Estado”, disse.

A sessão judicial continua na Primeira Turma do STF, que ainda decidirá se absolve ou condena Bolsonaro e os demais membros do núcleo acusado de planejar a ruptura institucional.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.