Moradores de Jabo, na Nigéria, em choque após ataque aéreo dos EUA
Um dia após um míssil dos Estados Unidos atingir a vila de Jabo, no noroeste da Nigéria, os residentes estão em estado de choque. O projétil caiu a poucos metros da única unidade de saúde local, causando pânico entre os moradores. Suleiman Kagara, um habitante da região agrícola e majoritariamente muçulmana, relatou à CNN que ouviu uma explosão e viu chamas quando o projétil passou por cima de sua cabeça na última quinta-feira (25).
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Após a explosão, os moradores fugiram em desespero. “Nós não conseguimos dormir na noite passada”, disse Kagara. “Nunca vimos nada parecido.” O que ele presenciou fazia parte de um ataque que o presidente Donald Trump mais tarde descreveria como um “presente de Natal” para terroristas.
Trump anunciou que os EUA realizaram um “ataque poderoso e letal” contra militantes do Estado Islâmico (ISIS) na região, acusando-os de atacar brutalmente cristãos inocentes.
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Confusão entre os moradores
De acordo com o Comando dos EUA para a África (Africom), a operação resultou na neutralização de vários militantes do ISIS. No entanto, a declaração de Trump deixou Kagara e outros moradores confusos. Apesar de algumas áreas de Sokoto enfrentarem problemas com banditismo e sequestros, os residentes afirmam que Jabo não é conhecida por atividades terroristas e que cristãos e muçulmanos convivem pacificamente.
Bashar Isah Jabo, parlamentar que representa Tambuwal, descreveu a vila como “uma comunidade pacífica”, sem histórico de atividades do ISIS ou de outros grupos terroristas. Ele informou que o projétil atingiu um campo a cerca de 500 metros do Centro de Saúde Primário em Jabo e, embora não houvesse vítimas, o incidente gerou medo na comunidade.
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Operação militar e suas consequências
O Ministério da Informação da Nigéria confirmou que o governo, em colaboração com os EUA, realizou operações de ataques de precisão contra esconderijos do ISIS em Sokoto. O ministério também observou que destroços de munições caíram em Jabo e em outra área no estado de Kwara, mas enfatizou que não houve vítimas civis.
A operação ocorre após declarações de Trump sobre uma ameaça significativa aos cristãos na Nigéria, levando o presidente a ordenar ao Pentágono que se preparasse para uma possível ação militar. O ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Tuggar, afirmou que conversou com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, antes do ataque, e que o presidente nigeriano, Bola Tinubu, deu o “sinal verde”.
Desafios de segurança na Nigéria
Tuggar também destacou que a operação não teve motivação religiosa, mas visava garantir a segurança de civis inocentes. Analistas apontam que a religião é apenas um dos fatores que contribuem para os desafios de segurança na Nigéria, que incluem rivalidades comunitárias e étnicas, além de tensões entre agricultores e pastores devido à escassez de recursos.
Nnamdi Obasi, conselheiro sênior do International Crisis Group, afirmou que, embora os ataques aéreos dos EUA possam enfraquecer alguns grupos armados, é improvável que resolvam a violência multifacetada no país, que é impulsionada por falhas de governança.
