Ministro do Reino Unido se demite após polêmica envolvendo aquisição de imóvel

A deputada Angela Rayner não declarou o valor adequado de um imposto sobre imóveis de segunda moradia; o primeiro-ministro expressou sua decepção com o …

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(Imagem de reprodução da internet).

A vice-primeira-ministra britânica, Angela Rayner, renunciou após um escândalo relacionado ao pagamento inadequado de impostos sobre imóveis, intensificando as dificuldades do governo do país.

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A decisão acarreta mais uma crise para Keir Starmer, que enfrenta crescente descontentamento no Reino Unido, e afasta o governo de uma de suas figuras políticas mais importantes.

Em carta dirigida a Starmer nesta sexta-feira (5), Rayner comunicou sua saída dos cargos de vice-primeira-ministra e ministra da Habitação do Reino Unido, assim como o posto de vice-líder do Partido Trabalhista.

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Apesar de ter alcançado uma vitória eleitoral expressiva em julho de 2024, o Partido Trabalhista agora confronta um desafio crescente do partido emergente anti-imigração Reform UK, que atualmente ocupa a primeira posição nas pesquisas de opinião em nível nacional.

A organização promoverá uma conferência nacional em Birmingham nesta sexta-feira.

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Rayner enfrentava dificuldades para sua sobrevivência política após a revelação de que ela não havia quitado o valor devido de impostos prediais sobre um apartamento em Hove, na costa sul da Inglaterra, adquirido no início do ano.

Afirmou que o erro foi não intencional e decorrente de aconselhamento jurídico inadequado. Contudo, partidos de oposição e jornais britânicos de direita rapidamente a criticaram como hipócrita, em razão de seu histórico de criticar ministros conservadores do governo anterior por casos análogos.

O caso rapidamente se tornou um escândalo de grande repercussão em todo o país.

A vice-presidência se tornou inviável.

Inicialmente, Starmer apoiou sua vice, porém essa posição se tornou cada vez mais difícil de sustentar, considerando que o Reino Unido enfrenta uma crise habitacional e o Partido Trabalhista está avaliando o aumento de impostos, inclusive sobre imóveis.

Entretanto, especialistas argumentavam que sua posição se tornava inviável.

Rayner escreveu em sua carta de sexta-feira (5) que a pressão da mídia tornou sua permanência no cargo “insuportável”.

Destacou que, embora esperasse um exame cuidadoso sobre si e sua família, esta não optou por ter suas vidas abordadas tão abertamente no público.

Aquisição do imóvel e escândalo.

Em maio deste ano, quando Rayner adquiu a propriedade em Hove por £ 800 mil (equivalente a aproximadamente R$ 5,8 milhões), ela relatou ter sido informada de que não era necessário pagar o imposto de selo, que é mais elevado para segundas residências.

Em vez de efetuar o pagamento da taxa mais elevada, que representava £ 70 mil (equivalente a R$ 511 mil), ela realizou o pagamento de £ 30 mil (equivalente a R$ 219 mil).

Rayner justificou a ação tendo já vendido sua parte na residência em que residia, na região metropolitana de Manchester, e depositado essa venda em um fundo fiduciário em benefício de seus filhos.

Este financiamento foi assegurado por uma compensação médica após um filho ter adquirido deficiências permanentes devido a um nascimento prematuro.

Especialistas discutiram o caso da vice-primeira-ministra.

Alguns especialistas em impostos manifestaram certo apoio a Rayner, considerando a complexidade do sistema tributário do Reino Unido.

Dan Neidle, fundador da Tax Policy Associates, escreveu no X: “O sistema tributário é uma bagunça, o imposto de selo é particularmente bagunçado, e a alíquota mais alta para propriedades adicionais é ainda mais bagunçada”.

Portanto, costumo perdoar aqueles que cometem equívocos.

Neidle reconheceu que a vice-primeira-ministra tornou a situação mais complexa, uma vez que, durante os anos do Partido Trabalhista na oposição, ela frequentemente criticava os políticos conservadores em relação aos seus próprios problemas financeiros.

Em 2018, ela denunciou o então ministro da Saúde, Jeremy Hunt, por utilizar uma “brecha fiscal dos Conservadores” para economizar aproximadamente £ 100 mil (equivalente a cerca de R$ 730 mil) em imposto de selo na aquisição de sete imóveis.

Ela também solicitou a renúncia de Nadhim Zahawi, ex-chanceler, após ele admitir ter pago quase 5 milhões de libras (equivalente a cerca de R$ 36 milhões) às autoridades para solucionar questões fiscais.

Partido trabalhista assume posição de destaque na política do Reino Unido.

A saída de Rayner prejudicou o Partido Trabalhista, perdendo uma de suas lideranças mais habilidosas, cuja abordagem franca, origem na classe trabalhadora e marcante sotaque do norte da Inglaterra contribuíram para diminuir as divergências dentro da organização no Congresso.

Rayner teve uma infância humilde nos bairros próximos a Manchester e tornou-se mãe aos 16 anos.

Antes de entrar na política, ela se graduou como cuidadora de idosos e atuou como representante sindical. Sua postura prática e extrovertida se distingue do estilo de Starmer, que é mais reservado.

“Para uma mãe adolescente de um conjunto habitacional em Stockport, servir no mais alto nível do governo foi a honra da minha vida”, escreveu Rayner. “Sempre soube que a política muda vidas porque mudou a minha”, destacou.

Jovens eleitores com experiência em ambientes políticos bem cuidados e, por vezes, formados em instituições de ensino superior de alto custo, concordaram com a postura de Rayner.

Foi capturada dançando em uma Parada do Orgulho Gay de Londres e comemorando em uma cabine de DJ em Ibiza. Recentemente, também foi vista fumando um cigarro eletrônico em uma canoa inflável na praia de Brighton.

Starmer critica a demissão de seu vice.

Apesar de alguns especialistas terem indicado que o líder Keir Starmer pode estar sutilmente contente com a saída de sua principal concorrente e possível herdeira, a situação representa o ponto alto de um período problemático para o Partido Trabalhista, que continuou a perder apoio nas pesquisas para o Reform UK.

Starmer escreveu a Rayner nesta sexta-feira, expressando seu “grande pesar” pelo fato de seu período em seu governo ter “terminado assim”.

Ele escreveu que, apesar de acreditar que ela fez a escolha adequada, reconhece que é uma decisão muito dolorosa para ela, tendo ela sido uma colega de confiança e amiga verdadeira por muitos anos.

Catherine Nicholls, Sophie Tanno e Lauren Kent, da CNN, colaboraram nesta reportagem.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.

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