Ministro de Israel causa crise ao realizar oração em local sagrado do Islã
O ministro ultranacionalista Ben Gvir realizou oração em público na Esplanada das Mesquitas, infringindo acordo histórico entre Israel e Jordânia.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, conduziu uma oração pública na Esplanada das Mesquitas. O local é um dos sítios religiosos mais sensíveis de Jerusalém Oriental e está no centro do conflito entre israelenses e palestinos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em determinado momento, o político nacionalista de extrema-direita Ben Gvir ainda defendeu que Gaza seja totalmente ocupada por Israel.
Considerado um ato de provocação pelo mundo muçulmano, o movimento infringiu um acordo histórico que proibia orações judaicas no local, gerando condenações de diversos países da região.
Leia também:

OMS declara que mpox não é mais emergência de saúde internacional

Homem falece em praia de Sydney após ataque de tubarão

Líbano afirma que o exército irá executar um plano para desarmar o Hezbollah
Com o governo de Benjamin Netanyahu enfrentando críticas globais em razão das condições de fome no território palestino, a visita de Ben Gvir ao local, denominado Monte do Templo pelos judeus, ameaçou comprometer os esforços para alcançar um cessar-fogo.
Acordo impede oração judaica.
O complexo que circunda a mesquita de Al-Aqsa é o terceiro local mais sagrado do Islã, conhecido pelos muçulmanos como Haram al-Sharif, e o mais sagrado do judaísmo. Foi erguido em Jerusalém Oriental sobre as ruínas de dois templos judaicos. Israel ocupou a área em 1967, em uma ação não reconhecida por parte da comunidade internacional.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Israel firmou um acordo com o Jordão, que detém a guarda do local, permitindo a entrada de não-muçulmanos no complexo, porém restringindo o acesso de judeus para orações ou rituais religiosos. Esse entendimento foi formalizado em um acordo de paz estabelecido em 1994.
Recentemente, no entanto, o acordo denominado “status quo” foi infringido por indivíduos judeus nacionalistas, incluindo parlamentares israelenses.
A Mesquita Al-Aqsa também testemunhou frequentes confrontos entre policiais israelenses e palestinos.
A visita de Ben Gvir no domingo, contudo, representou a primeira vez que um ministro do governo de Israel proferiu uma oração publicamente, conforme noticiado pela mídia israelense. O próprio ministro declarou ter orado no local.
A data selecionada por Ben Gvir carregava um significado simbólico. No calendário hebraico, o domingo coincidia com a Tisha B’Av, um dia de jejum em homenagem à destruição dos dois primeiros templos judaicos naquele local. Ele se encontrou no complexo acompanhado de colonos israelenses.
Países condenam a “provocação”.
A ação de Ben Gvir, descrita pelo jornal israelense liberal Haaretz como uma “provocação”, recebeu condenação da Autoridade Palestina, que chamou o ato de uma “escalada perigosa”. Jordânia, Turquia e Arábia Saudita também criticaram o movimento.
O ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou veementemente a invasão da Mesquita de Al-Aqsa, perpetrada por certos ministros israelenses, com a proteção da polícia israelense e acompanhada por grupos de colonos israelenses, em comunicado.
A segurança da Mesquita de Al-Aqsa e a proteção da identidade sagrada de Jerusalém não são apenas questões regionais, mas também uma responsabilidade fundamental em nome da consciência coletiva da humanidade.
Em 2023, Ben Gvir também desencadeou uma crise ao visitar a Esplanada das Mesquitas, sem ter realizado orações públicas na ocasião.
Gavião exige tomada de Gaza
“Assim como demonstramos que é possível exercer nossa soberania no Monte do Templo, também é possível ‘conquistar toda a Faixa de Gaza’ e ‘promover a emigração voluntária’, disse Ben Gvir em um vídeo gravado no local.”
Ben Gvir declarou que Israel deveria responder aos “vídeos horripilantes” de dois reféns israelenses divulgados por grupos militantes palestinos nesta semana, um dos quais é visto desnutrido e cavando sua própria cova.
Após a visita, Benjamin Netanyahu declarou que a política de Israel de preservar o status quo no Monte do Templo não sofreu alterações e continuará inalterada.
(Agência France-Presse, Associated Press)
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.