Ministra cubana se demite após afirmar que seu país não possui pessoas em situação de pobreza

Marta Elena Feitó, responsável pela secretaria de Trabalho e Previdência Social, afirmou que o país possui apenas indivíduos “disfarçados de mendigos”.

16/07/2025 6:57

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Ministra cubana se demite após afirmar que seu país não possui pessoas em situação de pobreza
(Imagem de reprodução da internet).

A ministra cubana do Trabalho e da Previdência Social renunciou na terça-feira 15, após declarar que não existem “mendigos” no país, e sim pessoas “disfarçadas de mendigos”, uma afirmação que provocou indignação nacional.

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Marta Elena Feitó apresentou sua renúncia, que foi avaliada por autoridades do Partido Comunista de Cuba. “Chegaram a concordar com sua liberação”, em razão de sua “falta de sensibilidade e objetividade”, informou a imprensa estatal.

A controvérsia iniciou-se na segunda-feira 14, em uma reunião parlamentar, onde a ministra negou que indivíduos que vasculham lixo estejam procurando por alimento e criticou os trabalhadores de limpeza de vidros que atuam nas ruas, por buscarem “a facilidade”.

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A ministra declarou que se observam indivíduos que se assemelham a mendigos, com suas mãos, vestimentas e aparência disfarçando essa condição, ressaltando que eles não são mendigos.

As declarações foram proferidas em uma transmissão televisiva e provocaram irritação na população, em um momento em que a ilha enfrenta uma inflação sem precedentes. O Centro de Estudos da Economia Cubana, da Universidade de Havana, informou que a inflação acumulada no período entre 2018 e 2023 atingiu 190,7%.

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O economista Pedro Monreal afirmou no X que “talvez também existam pessoas disfarçadas de ministra em Cuba”. Na mesma plataforma, o presidente do país, Miguel Díaz-Canel, declarou nesta terça-feira que “é muito questionável a falta de sensibilidade na abordagem da vulnerabilidade”.

O presidente reservou 20 minutos para o tema em discussão na Câmara. “Ninguém pode atuar com arrogância, pretensão, distante da realidade que enfrentamos”, afirmou, destacando que as pessoas em situação de rua são “manifestações concretas dos problemas e desigualdades sociais” que Cuba vivencia.

O aumento da pobreza se intensificou em decorrência da pior crise econômica do arquipélago nas últimas três décadas, gerando cortes e falta de alimentos, remédios e combustíveis, devido ao endurecimento das sanções impostas pelos Estados Unidos.

O presidente cubano não mencionou a palavra pobreza, mas falou em pessoas em situação de “vulnerabilidade” e indigentes, termos que o governo costuma usar ao se referir ao assunto.

Em 2024, o governo cubano informou que 189 mil famílias e 350 mil indivíduos estavam em situação de vulnerabilidade, recebendo apoio por meio de programas sociais, em um país com 9,7 milhões de habitantes.

Nos últimos dois anos, a AFP observou um aumento da presença de moradores de rua e indivíduos que solicitam esmola e recolhem restos de comida em Cuba.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.