Ministério Federal solicita investigação aprofundada com o ex-presidente em processo sobre a trama golpista e extensão do prazo para análise de evidências

O ex-ministro declarou ao STF que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro “não agiu com a verdade” ao mencionar que o financiamento ao plano golpista foi discutido durante o encontro na casa de Braga Netto.

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(Imagem de reprodução da internet).

O advogado de Walter Braga Netto solicitou ao Supremo Tribunal Federal a realização de uma entrevista entre ele e Mauro Cid no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. Os advogados argumentam que existem inconsistências nos depoimentos de ambos, em particular, sobre uma reunião que, segundo Cid, ocorreu em novembro de 2022 na residência de Braga Netto.

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O ex-ajudante de ordens declarou que o encontro foi destinado a debater o denominado plano “Punhal Verde e Amarelo” e que o general lhe forneceu uma quantia em dinheiro, dentro de uma caixa de vinho, com a instrução de repassá-la a um dos militares das Forças Especiais, também conhecidos como “kids pretos”, para financiar ações antidemocráticas.

Braga Netto rejeita todas as acusações. Em seu depoimento ao STF, o ex-ministro declarou que Cid “faltou com a verdade” ao relatar que o financiamento ao plano golpista foi tratado durante o encontro. Ele afirmou que a visita foi apenas uma “cortesia”, motivada por um pedido de Cid para apresentar os dois militares das Forças Especiais, que desejavam conhecê-lo.

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Preso preventivamente desde dezembro do ano passado sob suspeita de obstrução de Justiça, Braga Netto também negou ter repassado qualquer quantia a Cid e reiterou que não tinha contato com empresários do agronegócio para esse tipo de finalidade. “Isso não corresponde à realidade”, afirmou, por videoconferência, durante o interrogatório.

Ademais da citação, a defesa solicitou que o STF compartilhasse oficialmente os depoimentos e demais provas que ainda forem produzidos nos processos envolvendo os demais réus da investigação. Os advogados argumentam que os fatos imputados a Braga Netto estão diretamente ligados aos episódios envolvendo esses acusados e que manter os casos separados por núcleos pode prejudicar o direito de defesa. Por isso, também solicitaram a suspensão do andamento da ação contra o ex-ministro até a conclusão desta etapa nos demais processos.

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A acusação requereu, adicionalmente, pelo menos 30 dias para examinar o material fornecido pela Polícia Federal, em razão do elevado volume de informações. Na conclusão do documento, os defensores solicitaram que o prazo para a apresentação de novas investigações seja retomado após esse período suplementar.

As solicitações foram apresentadas no âmbito da fase de diligências complementares do processo, iniciada na semana passada após o término da etapa de interrogatório dos réus. As solicitações serão agora avaliadas pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes.

A defesa de Cid Sattam adota o pedido de adiamento da defesa e de acesso aos documentos.

Na mesma fase, a defesa de Mauro Cid apresentou pedidos semelhantes aos de Braga Netto. Os advogados solicitaram a extensão do prazo para análise das provas produzidas na investigação, argumentando que, até o momento, não obtiveram acesso integral ao material disponibilizado pela Polícia Federal. Entre as dificuldades apontadas, destacam-se o grande volume de dados e restrições técnicas para processar as informações.

Além do tempo, a defesa de Cid solicitou que o STF encaminhasse ordens à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e à Subsecretaria de Operações Integradas do Distrito Federal (Seopi-DF) para que enviassem relatórios e documentos elaborados até o dia 8 de janeiro de 2023. O propósito, segundo os advogados, é obter registros oficiais sobre o acompanhamento dos acampamentos de manifestantes na capital federal e fortalecer a alegação de que os órgãos de inteligência do Estado não possuíam informações concretas sobre a ameaça de ataques antes da invasão da Praça dos Três Poderes.

A defesa fundamenta o pedido com base nos depoimentos já prestados pelo diretor-adjunto da Abin, Saulo Moura. Os advogados argumentam que os relatos demonstram que, até a véspera dos ataques, nenhuma agência oficial de inteligência apresentava uma previsão clara de que atos violentos ocorreriam. Cid também é acusado de envolvimento nos atos de 8 de janeiro, e a defesa busca descaracterizar a alegação de que ele tinha conhecimento prévio ou participação na preparação dos ataques.

Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Carolina Ferreira

Fonte por: Jovem Pan

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.

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