O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Relações Institucionais rejeitaram os ataques do vice-secretário do Departamento de Estado americano, Christopher Landau, ao sistema judiciário brasileiro. O número dois do órgão, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores dos Estados Unidos, Landau, escreveu que “um único ministro do STF [Supremo Tribunal Federal] usurpou poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros poderes”.
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A publicação do vice-secretário constitui um ataque direto.
A pasta respondeu, no sábado à noite, que essa manifestação representa um novo ataque à soberania brasileira e a uma democracia que recentemente derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não cederá a pressões, independentemente da origem.
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O Itamaraty declarou que se tratava da segunda manifestação hostil do governo estadunidense em três dias. “O Governo brasileiro manifestou ontem embaixada dos Estados Unidos seu absoluto rejeitamento às reiteradas ingerências do governo norte-americano em assuntos internos do Brasil, e voltará a fazê-lo sempre que for atacado com falsidades como as da postagem de hoje, disseminadas pelo subsecretário de Estado, Christopher Landau”, acrescentou o Ministério das Relações Exteriores.
Gravíssima ofensa.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também se opôs às postagens do vice-secretário de Estado do governo de Donald Trump. Ela considerou de “arrogante” e de “má ofensa” as alegações de interferência do Judiciário nos demais Poderes.
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A publicação audaciosa do subsecretário de Estado dos EUA constitui uma grave afronta ao Brasil, ao STF e à nação. Quem tentou usurpar o poder em nosso país foi Jair Bolsonaro. Quem está tentando destruir a relação histórica entre os dois países é a família Bolsonaro, incentivando Donald Trump, com a tarifação e sua chantagem contra o Judiciário brasileiro.
A ministra assegurou que o Brasil está em conformidade com a Constituição e que os Poderes estão unidos para combater a tentativa de golpe ocorrida em 8 de Janeiro de 2023.
Nenhum poder constitucional brasileiro se mostrou impotente. Em contrapartida, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário resistiram ao golpe de 8 de janeiro, à chantagem de Donald Trump, ao motim bolsonarista pela anistia e às sanções violentas contra o ministro Alexandre de Moraes e outros ministros do STF.
Para restaurar verdadeiramente uma amizade antiga, é preciso respeitar a soberania do Brasil, nossas leis e o sistema judiciário, e cessar o apoio ao golpista que buscou desmantelar nossa democracia, afirmou a ministra.
Relações desfeitas.
Landau escreveu que um magistrado acumulou autoridade excessiva e “destruiu a relação histórica de proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”. “Sempre é possível negociar com líderes dos Poderes Executivos ou Legislativos de um país, mas não com um juiz”, disse o número dois do secretário Marco Rubio.
A publicação de Landau foi republicada pela Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, traduzida para o português.
Edital de Convocação
O Itamaraty convocou na sexta-feira, 8, o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, após ameaças ao Judiciário brasileiro. O secretário interino da Europa e América do Norte do Itamaraty, o embaixador Flavio Celio Goldman, manifestou a indignação do governo brasileiro com o tom e o conteúdo das postagens recentes do Departamento de Estado e da embaixada nas redes sociais.
Na quinta-feira, 7, a Embaixada dos EUA no Brasil traduziu comentário do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, que ameaçava autoridades do Judiciário brasileiro que contribuíssem com Moraes. “Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, disse o comunicado do diplomata, acusando o ministro de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.
Multas
Os Estados Unidos estão aplicando sanções financeiras a Moraes com base na Lei Magnitsky, alegando que o magistrado estaria infringindo Direitos Humanos ou envolvido em casos de corrupção em âmbito internacional. A taxa de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos também foi justificada com base na atuação do STF.
O governo de Donald Trump questiona Moraes e o Judiciário brasileiro em relação ao processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e pelas decisões de remoção de conteúdo e bloqueio de redes sociais e plataformas digitais americanas.
Fonte por: Carta Capital
