Terras Raras e Tensões Geopolíticas

Em dezembro passado, o presidente Donald Trump afirmou que os Estados Unidos necessitavam de “muito” da Groenlândia, reiterando sua ameaça de anexar o território dinamarquês.

A Groenlândia é uma ilha com grande potencial de recursos, possuindo um estoque considerável de minerais críticos, entre os quais se encontram elementos de terras raras, localizados sob o seu manto de gelo.

Trump também assinou um acordo de terras raras com a Ucrânia.

A disputa por terras raras remonta à administração anterior. A China, por anos, estabeleceu um controle quase total sobre esses materiais como parte de sua política industrial abrangente.

As terras raras são 17 elementos metálicos do período, incluindo escândio, ítrio e os lantanídeos.

O termo “terras raras” é um pouco impreciso, visto que os materiais estão presentes em todo o planeta. São mais numerosos que o ouro, porém sua extração e processamento são complexos e dispendiosos, além de gerarem impactos ambientais negativos.

Os elementos de terras raras estão presentes em diversas tecnologias que utilizamos no cotidiano, incluindo smartphones, turbinas eólicas, lâmpadas LED e televisores de tela plana. São também essenciais para baterias de veículos elétricos, aparelhos de ressonância magnética e tratamentos contra o câncer.

As terras raras são cruciais para as forças armadas dos EUA, sendo utilizadas em caças F-35, submarinos, lasers, satélites, mísseis Tomahawk e outros equipamentos, conforme uma nota de pesquisa de 2025 do CSIS.

A Agência Internacional de Energia divulgou que 61% da produção minerada de terras raras provém da China, e o país detém o controle de 92% da produção global na fase de processamento.

Há dois tipos de terras raras, classificadas por seus pesos atômicos: pesadas e leves. As terras raras pesadas são mais raras, e os Estados Unidos não possuem capacidade para a difícil tarefa de separar terras raras após a extração.

“Mesmo no início do ano, qualquer minério pesado de terras raras que extraíamos na Califórnia ainda envíamos para a China para a separação”, declarou Gracelin Baskaran, diretora do Programa de Segurança de Minerais Críticos do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, à CNN.

Contudo, o anúncio da administração Trump sobre tarifas elevadas à China em abril desestabilizou esse processo. “A China demonstrou disposição para usar como arma” a dependência americana da China em relação a terras raras, afirmou ela.

Na sexta-feira, Trump afirmou no Truth Social que a China infringiu um cessar-fogo comercial acordado no mês passado.

Pequim reforçou seus controles de exportação sobre sete minerais de terras raras e produtos relacionados, como uma reação às tarifas recíprocas impostas por Trump sobre produtos chineses, divulgadas em abril.

Após concordar com a trégua em Genebra, as autoridades americanas esperavam que a China reduzisse as restrições de exportação desses minerais.

Os controles de exportação podem ter um impacto significativo, visto que os EUA dependem fortemente da China para o fornecimento de terras raras. Entre 2020 e 2023, 70% das importações americanas de compostos e metais de terras raras originaram-se desse país, conforme relatório do Serviço Geológico dos EUA.

Além da China, as terras raras também estão incluídas nos objetivos da política externa dos Estados Unidos com a Ucrânia, Groenlândia e Arábia Saudita.

Baskaran afirmou que a Ucrânia possui uma indústria de mineração muito recente e que não há, de fato, um mapeamento do que é economicamente viável.

O Brasil detém a maior fatia de vendas de veículos elétricos na América Latina.

Fonte por: CNN Brasil