Militares e ex-líderes israelenses se manifestam contra o projeto de Netanyahu em Gaza
Plano prevê a imposição de que palestinos residam na denominada “cidade humanitária” no extremo sul do território; os custos anuais serão de R$ 25.

O plano polêmico proposto por Israel para a construção do que denominam de “cidade humanitária” sobre as ruínas de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, tem gerado divergências no próprio governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, além de críticas de ex-líderes e rejeição por parte do Hamas.
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Aprovado pelo ministro da Defesa, Israel Katz, o projeto apresentado na semana passada contempla o reassentamento de palestinos em uma área próxima à fronteira com o Egito, em um acampamento que inicialmente abrigaria 600 mil pessoas e, posteriormente, acomodaria toda a população de Gaza. Ele afirmou que os moradores seriam obrigados a residir no local e somente poderiam deixar o local caso optassem por emigrar para outro país.
Contudo, o plano, que já foi direcionado para as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), encontra resistência de militares, políticos e organizações de direitos humanos.
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A proposta foi comparada a um “campo de concentração” pelo ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, que acusou o governo Netanyahu de promover uma forma de “limpeza étnica”. A declaração provocou reações dentro do gabinete sionista, com o ministro do Patrimônio, Amichai Eliyahu, sugerindo que Olmert deveria ser preso novamente, em referência à condenação que o ex-primeiro-ministro sofreu por corrupção após deixar o cargo, em 2009.
O Hamas, por sua vez, classificou o plano como uma demanda deliberadamente obstruiva nas negociações de cessar-fogo. O funcionário de alto escalão do grupo palestino, Husam Badran, afirmou ao jornal norte-americano The New York Times que a proposta criaria “uma cidade isolada que se assemelha a um gueto”, o que é “inaceitável” para os cidadãos de Gaza.
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Custos
Os militares de Israel, após concluí-lo, manifestaram preocupações acerca de seus custos e consequências. Segundo o jornal britânico The Guardian, o chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, confrontou Netanyahu em uma reunião do gabinete de segurança, argumentando que o plano desviar recursos cruciais das operações militares e dos esforços para resgatar os reféns.
A emissora Keshet 12 criticou Zamir por apresentar um plano “muito caro e lento”, solicitando um cronograma “mais barato e rápido”. As estimativas iniciais apontavam um custo entre US$ 2,7 bilhões e US$ 4 bilhões, com impacto considerável no orçamento israelense, já que o financiamento inicial seria integralmente assumido pelo Estado. O jornal Yedioth Ahronoth, por sua vez, citou membros do Ministério das Finanças, que estimaram um valor anual de US$ 4,5 bilhões, indicando que o custo provavelmente recairia sobre o contribuinte israelense, retirando recursos de escolas, hospitais e assistência social.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.