Acordo entre Mercosul e União Europeia é adiado novamente, frustrando esperanças de um tratado que promete impulsionar o comércio. O que vem a seguir?
O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia enfrentou mais um adiamento, frustrando as expectativas de conclusão das negociações que já se arrastam por mais de 20 anos. A decisão foi anunciada durante a cúpula de líderes do Mercosul em Foz do Iguaçu (PR), onde o Paraguai assumiu a presidência do bloco sul-americano.
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A resistência de alguns países membros, especialmente França e Itália, levou ao pedido de adiamento da votação no Conselho Europeu. Na véspera da reunião do Mercosul, manifestações ocorreram em Bruxelas, capital da Bélgica, próximas ao Parlamento Europeu, dificultando a participação de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
O principal ponto de conflito nas negociações gira em torno do protecionismo comercial, impulsionado pela pressão dos agricultores europeus. Eles temem que a entrada de produtos sul-americanos no mercado europeu prejudique seus negócios e cause impactos econômicos negativos.
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Apesar do adiamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu uma sinalização positiva. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, indicou que pode trabalhar para convencer o setor agrícola de seu país a viabilizar a assinatura do tratado na data prometida.
O Mercosul aguarda um novo prazo estabelecido pelos líderes europeus, mantendo a esperança de concretizar um tratado comercial que promete benefícios econômicos para ambos os blocos. O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia visa facilitar o comércio entre as partes, abordando temas como regras de origem, comércio de serviços e propriedade intelectual.
As tratativas começaram em 1999, durante a Cimeira da América Latina, Caribe e UE, no Rio de Janeiro. Desde o início, as negociações foram vistas como longas e desafiadoras, com o Mercosul oferecendo oportunidades no agronegócio e a UE apresentando uma indústria robusta.
O capítulo de bens do acordo estabelece o livre comércio entre Mercosul e União Europeia, com compromissos sobre comércio de bens. Questões como taxas sobre importações e exportações, procedimentos de licenciamento e tributos são abordadas para firmar as bases do acordo.
Segundo as preferências previstas, 92% dos produtos do Mercosul e 95% das linhas tarifárias devem ficar livres de taxações na UE. Em contrapartida, o Mercosul deve liberar 91% das importações da UE das cobranças.
Em 2025, as partes debateram a regulação do acordo. A UE, liderada por países como França, exigiu medidas adicionais para proteger seus agricultores, gerando descontentamento entre os países do Mercosul.
A declaração final da Cúpula de Líderes do Mercosul, realizada em 20 de dezembro em Foz do Iguaçu, refletiu a necessidade de continuidade no diálogo. O Paraguai, ao assumir a presidência pro tempore, enfatizou a importância de avançar nas negociações, enquanto integrantes do governo brasileiro defendem um foco em acordos já existentes.
Autor(a):
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.