MEC acerta ao financiar cursinhos populares, mas deve proteger Fundeb, afirma Daniel Cara

Daniel Cara, da USP, destaca a importância do investimento social, mas reprova os cortes e as alterações nas prioridades da política educacional.

20/10/2025 19:59

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(Imagem de reprodução da internet).

Professor da USP avalia investimento em cursinhos populares como positivo

Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), considerou positiva a decisão do Ministério da Educação (MEC) de destinar R$ 108 milhões a aproximadamente 500 cursinhos populares em 2026. Em entrevista ao Conexão BdF, ele enfatizou a importância dessas iniciativas na democratização do acesso ao ensino superior.

“Tenho uma grande admiração por esse modelo. Acredito que é um caminho de educação popular que realmente faz a diferença, ajudando a democratizar a universidade, juntamente com a política de cotas”, afirmou. O educador destacou que esse investimento deve ser “comemorado”, pois os cursinhos populares “sobrevivem com poucos recursos” e, muitas vezes, dependem de emendas parlamentares.

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Impacto dos cursinhos na educação

Segundo Cara, os cursinhos populares são fundamentais para democratizar o acesso à universidade, recuperando conteúdos que não foram aprendidos durante o ensino fundamental e médio. “Considero que foi um acerto do Ministério da Educação essa notícia”, acrescentou.

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Ele também ressaltou que o fortalecimento desses cursinhos contribui para aumentar o acesso ao ensino superior público, que ainda apresenta desigualdades raciais e sociais. “A universidade ainda é elitista, mas avançou muito. Esse progresso é em grande parte devido aos cursinhos populares”, disse.

Preocupações com a educação profissional

Embora tenha elogiado as mudanças nas universidades após a Lei de Cotas de 2012, Cara expressou preocupação com a atual prioridade do MEC em cursos técnicos voltados ao mercado de trabalho. “O foco está na educação profissional, muito ligada aos interesses das empresas. Esse não é o caminho. O caminho é a universidade”, defendeu.

Valorização dos profissionais da educação

Sobre a proposta que visa fixar o piso dos técnicos e administrativos da educação básica em 75% do piso do magistério, Cara a classificou como “uma revolução”. O texto já foi aprovado em comissões da Câmara e prevê que o reajuste seja financiado com recursos do Fundeb. “Isso vai dinamizar a economia de diversos municípios brasileiros. Defendo que o piso salarial do magistério deve ser o mesmo para todos os profissionais da educação”, afirmou.

Ele criticou ainda as tentativas de reduzir recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). “O governo federal age de forma ingênua, acreditando que pode apaziguar o mercado financeiro. Não há como conter essa demanda”, alertou.

Para o professor, educação e saúde devem ser consideradas áreas intocáveis no orçamento público. “Os recursos para educação e saúde são fundamentais. Junto com a Previdência, são os três grandes esforços do Estado brasileiro”, concluiu.

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.