Mata Atlântica perde área equivalente a 16 vezes a cidade de São Paulo em 40 anos, revela MapBiomas
Levantamento ‘Mata Atlântica: 40 anos do bioma com menor cobertura natural no Brasil’, do MapBiomas, revela dados alarmantes sobre a preservação.
Desmatamento e Recuperação da Mata Atlântica
Entre áreas desmatadas e recuperadas, a Mata Atlântica perdeu 2,4 milhões de hectares entre 1985 e 2024. Essa extensão equivale a quase 16 cidades de São Paulo, que possui 1.522 quilômetros quadrados. Os dados são do levantamento “Mata Atlântica: 40 anos do bioma com menor cobertura natural no Brasil”, realizado pelo MapBiomas e divulgado nesta segunda-feira (28).
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No início da série histórica, em 1985, o bioma contava com 27% de sua área florestal original, considerando florestas, mangues e restingas arbóreas. Em 2024, restaram apenas 25,3% dessa cobertura vegetal. Se incluídas as formações Savânica, Campestre e Campo Alagado, o percentual sobe para 31%.
Atividades Humanas e Agricultura
Em 2024, 67% da área da Mata Atlântica estava ocupada por atividades humanas, principalmente pela agropecuária, que inclui 19% de agricultura e 25% de pastagem. Desde 1985, a área destinada à agricultura cresceu 96%, incorporando 10 milhões de hectares do bioma em quatro décadas.
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A expansão agrícola ocorreu principalmente sobre antigas áreas de pastagem e, em menor grau, sobre áreas naturais. Natalia Crusco, da equipe Mata Atlântica do MapBiomas, destaca que, apesar dos esforços de proteção, a Mata Atlântica ainda enfrenta desafios significativos.
Importância das Florestas
Crusco afirma que a Mata Atlântica é o bioma mais vulnerável do Brasil, com a menor cobertura nativa. Instrumentos de conservação são essenciais para preservar florestas antigas e incentivar programas de recuperação da vegetação nativa. Ela defende um esforço para reduzir a perda de áreas maduras e secundárias.
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As florestas maduras são ricas em biodiversidade e estocam carbono, além de manter os serviços ecossistêmicos. As florestas secundárias também são importantes, pois diminuem a fragmentação e protegem os rios, garantindo a qualidade da água que abastece mais de 70% da população brasileira.
Histórico de Desmatamento
A vegetação natural da Mata Atlântica foi suprimida desde o início da colonização. Em 1985, o bioma tinha apenas 27% de sua área florestal original. O ritmo de desmatamento variou nas quatro décadas até 2024. A pior década foi entre 1985 e 1994, com 4,7 milhões de hectares desmatados, representando uma diminuição de 7% da área florestal.
Entre 1995 e 2004, a área desmatada caiu 40% em relação ao período anterior, mas a recuperação florestal não superou a área desmatada. Somente entre 2005 e 2014, a área recuperada superou a supressão, com um ganho líquido de 200 mil hectares.
Avanços e Produtos Agrícolas
Após a promulgação da Lei da Mata Atlântica em 2006, houve um leve aumento na área florestada. No entanto, entre 2015 e 2024, os ganhos e perdas de área florestal se tornaram equivalentes, mesmo após a aprovação do Código Florestal em 2012.
Nos últimos anos, houve avanços na preservação, especialmente em regiões com alta densidade populacional. A soja lidera a área ocupada entre as plantações de ciclo curto, com um crescimento de 343% na Mata Atlântica entre 1985 e 2024, alcançando 8,3 milhões de hectares.
Formações e Desmatamento
A cana-de-açúcar aumentou 256% no mesmo período, somando quase 5 milhões de hectares. O café cresceu 105%, representando 445 mil hectares. A plantação de frutas cítricas cresceu 200%, totalizando 96 mil hectares. A área destinada à silvicultura aumentou cinco vezes, chegando a 4,5 milhões de hectares.
O relatório indica que cerca de 50% do desmatamento do ano passado ocorreu em florestas maduras, que possuem mais de 40 anos. A formação campestre também apresentou perdas significativas, com uma redução de 28% desde 1985 e uma média de 38 mil hectares perdidos anualmente na última década.
Autor(a):
Ana Carolina Braga
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.












