Alessandra França: Pioneira no Microcrédito e Desafios da Inclusão Financeira
Aos 23 anos, Alessandra França iniciou uma jornada que transformaria o cenário do microcrédito no Brasil. Fundou um banco com o objetivo de oferecer acesso a crédito para aqueles que enfrentavam dificuldades no sistema financeiro tradicional. A história de França, que se desenrola desde os anos 2000, é um exemplo de visão e perseverança na busca por uma inclusão financeira mais ampla.
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Da Observação à Ação Estrutural
A trajetória de França começou com a observação das dificuldades enfrentadas pelos pais agricultores em seu interior de São Paulo para acessar crédito. Essa experiência a motivou a construir uma carreira dedicada a solucionar esse problema de forma estruturada. Aos 15 anos, ingressou no Projeto Pérola, uma organização de capacitação para jovens de Sorocaba, onde percebeu a falta de alternativas de crédito para empreendedores que não se encaixavam no perfil dos grandes bancos.
Os Primeiros Anos e a Expansão do Banco Pérola
Em 2009, fundou o Banco Pérola, uma associação de crédito voltada para o microcrédito produtivo. Nos primeiros anos, o banco sobreviveu com doações e prêmios, começando com empréstimos de R$ 44 mil no primeiro ano e R$ 500 mil no terceiro. Com a crescente demanda, França buscou alternativas mais sustentáveis, culminando no lançamento do FIDC Pérola em 2014, um fundo de investimento em direitos creditórios regulado pela CVM.
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A Pandemia e o Fundo Levante
Com a chegada da pandemia, o Banco Pérola foi convidado a operar três fundos emergenciais voltados para mulheres, imigrantes e periferias, revelando uma nova camada de vulnerabilidade. A partir dessa experiência, nasceu o Levante, um fundo de microcrédito focado no que França chama de “microcrédito raiz”. Criado em 2025, o fundo já financiou mais de 2.300 pequenos negócios em 27 estados, com valores entre R$ 500 e R$ 5.000, acompanhamento e educação financeira. O fundo é administrado pela QI Tech, que comprou a Singular, empresa que já prestava serviço ao Pérola desde 2014.
Desafios Regulatórios e a Defesa do Microcrédito
Apesar dos resultados, o fundo enfrenta um novo desafio: a mudança nas regras contábeis brasileiras de 2025, que reduziu de 12 para 4 meses o prazo para provisões de perdas (PDD). França defende que o microcrédito exige um olhar diferenciado, atendendo a quem vende banana no sol, em Roraima, e precisa comprar um toldo. Atualmente, ela atua como CEO, participa do Conselhão da Presidência da República e da Associação Brasileira de Operadoras de Microfinanças, buscando mais abertura ao capital de impacto.
