Mapa Atualizado Revela Crescimento de Grupos Armados no Rio de Janeiro em 2025

A nova edição do Mapa Histórico dos Grupos Armados no Rio de Janeiro revela que 4 milhões de pessoas vivem sob domínio de facções, refletindo desigualdades sociais e territoriais

04/12/2025 6:45

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(Imagem de reprodução da internet).

Atualização do Mapa Histórico dos Grupos Armados no Rio de Janeiro

A nova edição do Mapa Histórico dos Grupos Armados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, divulgada nesta quarta-feira (4), traz um panorama atualizado sobre a reorganização territorial do crime na cidade. O estudo, realizado pelo GENI/UFF (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense) em colaboração com o Instituto Fogo Cruzado, estima que cerca de 4 milhões de pessoas viviam, em 2024, em áreas dominadas por esses grupos, representando aproximadamente um terço da população metropolitana.

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Os pesquisadores utilizaram denúncias anônimas, registros públicos e dados georreferenciados para criar uma série histórica que abrange 18 anos. O levantamento revela que a área sob controle de grupos armados cresceu mais de 130% desde 2007. Além disso, a atualização indica que o domínio armado se distribui de forma desigual pela cidade, refletindo dinâmicas sociais, econômicas e institucionais.

Formas de Atuação dos Grupos Armados

O relatório classifica duas formas de atuação: controle, que envolve a extração sistemática de recursos e imposição de normas, e influência, que se manifesta de maneira parcial ou intermitente. Em 2024, 29,7% da população estava em áreas sob controle direto, enquanto 5,3% viviam em zonas de influência.

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Essa análise permite identificar regiões com domínio consolidado e outras onde o poder armado avança de forma mais difusa.

A série histórica revela dois períodos distintos. Entre 2016 e 2020, houve uma expansão significativa do domínio armado, coincidente com a crise fiscal do estado e o enfraquecimento das UPPs. A partir de 2020, o estudo aponta uma retração moderada, influenciada pela perda de territórios pelas milícias após operações que atingiram suas lideranças.

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Apesar disso, a presença desses grupos continua alta em termos de extensão territorial.

Dinâmicas de Expansão e Distribuição Regional

O mapa indica que o Comando Vermelho é o grupo com o maior número de moradores sob seu controle, enquanto as facções ampliaram sua presença populacional, especialmente desde 2018. O estudo identifica duas dinâmicas principais de expansão: colonização, que ocorre em áreas ainda não dominadas, e conquista, que envolve a substituição de um grupo por outro em territórios densamente povoados.

No Leste Fluminense, o domínio é majoritariamente do Comando Vermelho, enquanto a Baixada Fluminense apresenta uma forte disputa entre milícias e facções. No município do Rio, 42,4% da população vive sob controle ou influência de grupos armados, com predominância miliciana na zona Oeste e maior presença de facções na zona Sul, Centro e parte da zona Norte.

Desigualdade Socioeconômica e Territorial

Os dados também revelam uma relação com marcadores sociais. Em áreas controladas, a renda média per capita é significativamente inferior à das regiões livres, tanto na capital quanto na metrópole. A proporção de moradores não brancos é maior nas zonas dominadas, evidenciando a intersecção entre desigualdade socioeconômica, racial e territorial.

A edição de 2025 do mapa destaca que o domínio armado está integrado à dinâmica urbana e acompanha variações no funcionamento das instituições e nos mercados locais. Para os pesquisadores, entender essa estrutura requer uma abordagem que vá além das ações de segurança pública, incluindo políticas de urbanização, redução de desigualdades e fortalecimento de serviços estatais.

A CNN Brasil entrou em contato com o governo do Rio de Janeiro para comentar sobre a situação e aguarda retorno.

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.