Conjuntura Política em Portugal
Manuel Rodrigues, dirigente do Partido Comunista Português (PCP), declarou que Portugal enfrenta uma situação política caracterizada pela ofensiva da direita e da extrema direita, o que ameaça as conquistas de Abril, ou seja, os direitos obtidos após a Revolução de 1974.
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Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, Rodrigues destacou que “um quadro político e institucional favorável à intensificação de uma política de direita e à concretização de uma agenda dos grupos económicos e do grande capital” foi estabelecido.
Ele criticou o novo governo, formado pelo Partido Social Democrata (PSD) e pelo Centro Democrático Social (CDS), com o apoio do Chega e da Iniciativa Liberal, afirmando que aprofunda políticas de exploração e desigualdade social. “Tem o terreno facilitado para levar adiante seus grandes objetivos: aprofundar a exploração, agravar as injustiças e atacar os direitos dos trabalhadores e do povo”, afirmou.
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Desmonte de Serviços Públicos
Rodrigues também denunciou o desmonte de serviços públicos e a dependência política em relação à União Europeia. Ele mencionou os ataques ao Serviço Nacional de Saúde, à escola pública e ao acesso à habitação, que geram grandes dificuldades para os jovens.
“Essa política conta com o apoio da União Europeia, caracterizada pela submissão às suas imposições e pelo abandono de valores como soberania e independência nacional”, disse. Para ele, o atual orçamento de Estado, aprovado com a abstenção do Partido Socialista (PS), “agrava as condições de vida dos trabalhadores e do povo”.
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Apesar de o PCP ter apenas três deputados, Rodrigues defendeu que o partido “tem se batido na Assembleia da República em defesa dos direitos dos trabalhadores e do fortalecimento da economia nacional”.
Xenofobia e Imigração
O dirigente relacionou o avanço da extrema direita à xenofobia, especialmente contra brasileiros. “Há uma interação clara entre os objetivos da política de direita e o aprofundamento da extrema direita”, avaliou.
Segundo ele, esses partidos “usam bodes expiatórios, como a imigração, para desviar a atenção das causas fundamentais dos problemas”. Rodrigues denunciou que o Chega e a Iniciativa Liberal “instigam um clima de ódio e exclusão social”, mas ressaltou que “os imigrantes são bem acolhidos pelo povo português”.
“A luta dos trabalhadores e do povo português é pelo acolhimento aos imigrantes e contra os ventos de extrema direita, que são xenófobos por natureza e instigam o ódio”, completou.
Militarização e Crise Capitalista
Na entrevista, Manuel Rodrigues criticou o rearmamento da Europa e a ampliação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em meio à crise. “Nós, do Partido Comunista Português, somos pela paz, pelo progresso social e pela cooperação entre os povos”, declarou.
Ele defendeu “a dissolução da Otan como instrumento militar agressivo do imperialismo” e condenou a tendência à militarização da União Europeia. “A União Europeia é um processo de integração capitalista dos grandes monopólios, não dos trabalhadores e dos povos”, afirmou.
Para Rodrigues, “os conflitos devem ser resolvidos pela via da negociação e da construção política de soluções”, com base na Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e nos princípios da Conferência de Helsinque, que defendem a paz e a resolução diplomática de disputas.
