Manifestantes com bandeiras americanas e ataques ao STF pressionam por anistia durante ato na Paulista

Alguns dos manifestantes defendem que o Brasil está sob uma ditadura, sendo necessária a solicitação de auxílio aos Estados Unidos.

07/09/2025 18:24

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Manifestantes com bandeiras americanas e ataques ao STF pressionam por anistia durante ato na Paulista
(Imagem de reprodução da internet).

Milhares de manifestantes, vestidos em verde e amarelo sob a bandeira dos EUA, se emocionaram ao cantar o hino nacional durante a abertura do evento bolsonarista em 7 de Setembro na Avenida Paulista. Com o lema “Anistia para os condenados pelo 8 de Janeiro”, a multidão exigiu “fora Moraes” e “fora Lula”.

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Diversos consideram que o Brasil está sob uma ditadura, e, por consequência, é preciso buscar auxílio nos Estados Unidos. Há manifestações de apoio a Eduardo Bolsonaro, juntamente com agradecimentos ao presidente norte-americano Donald Trump.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reiterou os ataques ao Supremo Tribunal Federal, ao qual chamou o ministro Alexandre de Moraes de “tirano”. Ele defendeu novamente a anistia e cobrou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

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“Propor a anistia, presidente, não pode conter a maioria do plenário. Não pode conter a vontade de mais de 350 parlamentares. Trazer a anistia para a pauta é trazer justiça e resgatar o País”, disse em seu discurso.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, utilizou a oportunidade para apresentar o irmão de Bolsonaro, Renato Bolsonaro, como a principal aposta do partido para a Câmara em 2026. Durante o discurso, recebeu apoio do coro “Fora Romário”, em oposição ao senador e ex-jogador de futebol, integrante da sigla.

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O líder da sigla reiterou que o partido não possui alternativa e descartou outros nomes à disputa pela vaga no Palácio do Planalto, incluindo Tarcísio e Ronaldo Caiado, governador de Goiás. “Nosso plano é Bolsonaro candidato à presidência”, afirmou.

Michele Bolsonaro foi a mais aplaudida entre as lideranças presentes. Com lágrimas nos olhos, a ex-primeira dama falou sobre a prisão domiciliar do marido e disse que há uma “perseguição política”. “Ele gostaria muito de estar aqui ou até entrar em videochamada, porque nossas liberdades estão cerceadas. A liberdade de locomoção foi cerceada”, afirmou.

O pastor Silas Malafaia, um dos principais organizadores do ato, declarou que o inquérito das fake news, conduzido por Moraes desde 2019, é “imoral e ilegal”. “Temos brasileiros exilados que tiveram que sair do país para não serem presos por causa de opinião. Que democracia é essa?”, questionou.

Ele ainda aproveitou para se defender, já que é alvo de uma investigação que apura uma possível obstrução da Justiça e participação em organização criminosa. “É o modus operandi do ditador da toga, Alexandre de Moraes: colocar medo, calar a boca e travar os seus opositores. Mas ele escolheu o cara errado”, reforçou.

No entanto, nem todos os políticos que se apresentaram no palco entusiasmaram o público. O ex-deputado e ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, por exemplo, não conseguiu mobilizar a plateia até recorrer ao slogan “Fora Lula”. Durante sua fala, uma parcela dos manifestantes o apelidou de “traidor”.

O aumento do tamanho da manifestação, após uma série de tentativas malsucedidas, também passou a ser discutido nos discursos. Frequentemente, os líderes da manifestação faziam comentários irônicos sobre o número de participantes no evento, conforme anunciado pela mídia.

As críticas da mídia não excluem os veículos consolidados. Na retórica bolsonarista, o jornal “Folha de S.Paulo” passou a ser denominado “Foice de SP”, enquanto a “Rede Globo” foi apelidada de “Rede Esgoto”. “O Datafolha vai alegar que possuía dois mil colaboradores”, ironizaram em referência aos dados do instituto DataFolha.

Uma estimativa do Monitor do Debate Político, composto por pesquisadores da Universidade de São Paulo, aponta que o protesto contou com a participação de 42,2 mil pessoas. Esse número corresponde a uma redução de 7% em relação a 2024.

A ex-senadora Lia Noveli, usando roupas de cor verde, afirma que Eduardo Bolsonaro se encontra nos Estados Unidos “trabalhando para defender o Brasil do comunismo”.

Já o bancário Levi Barbosa, que compareceu à manifestação acompanhado da esposa, disse ter orientado que ela fosse “sem batom”. “Hoje está um perigo, nossa liberdade é cerceada. Imagine ser condenada há anos de prisão porque usou um batom numa manifestação?”, afirmou, em referência à “Débora do Batom”, bolsonarista que foi condenada após escrever “Perdeu, mané” na estátua da Justiça no 8 de Janeiro.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.