O Brasil e a Interpol assinaram declaração de intenção para ampliar as possibilidades de colaboração e viabilizar novas operações conjuntas. O ato foi firmado durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sede da instituição, nesta segunda-feira (9), em Lyon, na França. “Uma das consequências perversas da globalização é a articulação de grupos criminosos além das fronteiras nacionais. A criminalidade está evoluindo a uma velocidade sem precedentes, exigindo ações multilaterais urgentes e coordenadas”, disse Lula, afirmando que a cooperação policial permanecerá como prioridade da política externa brasileira.

Para combater o crime de maneira eficaz é necessário restringir seus recursos financeiros, principalmente a lavagem de dinheiro. Nenhuma nação sozinha conseguirá erradicar a criminalidade transnacional, acrescentou, ao enfatizar as políticas implementadas pelo governo vigente no enfrentamento desses delitos.

A declaração de intenções com a Interpol visa:

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A partir de novembro de 2024, a Interpol é liderada pelo delegado da Polícia Federal (PF), Valdecy Urquiza, que foi eleito Secretário-Geral da instituição que reúne 196 nações. Trata-se do primeiro representante de um país em desenvolvimento a ocupar tal cargo nos 100 anos de história da Interpol. Lula afirmou que é uma honra para o Brasil e para a PF ter o brasileiro no cargo mais alto da Interpol, consequência da credibilidade do país no combate ao crime organizado. O presidente elogiou o trabalho e a dedicação de Urquiza. Para ele, o papel da polícia, na atualidade, está mais complexo do que em qualquer outro momento da história.

“O crime organizado, você não enfrenta uma simples quadrilha, você não enfrenta os grupos simples; são verdadeiras empresas multinacionais que estão envolvidas dentro das empresas, na política, no judiciário, no futebol, em toda parte da cultura. É como se fosse um polvo de muitos tentáculos tentando tomar conta de tudo que é errado no mundo”, alertou Lula. Para Urquiza, o acordo com o Brasil servirá de inspiração para que outros países aprofundem a integração com a comunidade internacional. Ele também anunciou a criação de nova força tarefa internacional, fruto do diácom chefes de polícia da América do Sul em encontro realizado em Brasília, no mês passado.

A ênfase será no combate a organizações criminosas transnacionais que atuam na região. A força integrada reunirá especialistas, informações de inteligência e recursos tecnológicos da Interpol para apoiar os países da região, na realização de operações conjuntas. Nosso objetivo é claro, enfraquecer as estruturas de comando dessas organizações, interromper seus fluxos financeiros e responsabilizar judicialmente seus principais líderes, afirmou o delegado.

Crimes graves

A organização atua na investigação de crimes como o tráfico de pessoas, a exploração sexual infantil, o tráfico de drogas e armas, crimes cibernéticos e ambientais. Para Urquiza, são crimes sem precedentes praticados por organizações poderosas. “Esses crimes impactam profundamente nossas comunidades, nossas economias, nossas instituições. E nenhum país está imune, nenhum setor está a salvo. Mais do que nunca, torna-se inegociável a necessidade de uma resposta global, coordenada e eficaz”, disse Urquiza, destacando que a defesa do presidente Lula pelo multilateralismo também reflete o espírito que norteia o trabalho da Interpol.

Através da nossa plataforma, países debatem as principais ameaças criminais, compartilham informações de forma segura e planejam operações conjuntas em todo o mundo. Apenas no último ano, nossos 19 bancos de dados foram consultados mais de 8 bilhões de vezes por agências de segurança ao redor do mundo. Ele contou ainda que, na área de combate à exploração sexual infantil, por exemplo, nos últimos anos, a instituição resgatou mais de 48 mil vítimas e identificou mais de 18 mil criminosos ao redor do mundo. Durante o evento, a Interpol concedeu a Lula medalha que reconhece sua excelência e empenho no combate ao crime transnacional. Por sua vez, Lula condecorou Valdecy Urquiza com a Ordem de Rio Branco no grau de Grande Oficial. A honraria foi instituída em 1963 para distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, além de estimular a prática de ações e feitos dignos de menção honrosa.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi adicionada à lista de difusão vermelha da Interpol, que reúne nomes de pessoas procuradas pela Justiça em mais de 190 países. A medida foi solicitada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), após a parlamentar deixar o Brasil e ser considerada foragida. Zambelli foi condenada pela Primeira Turma da Corte a dez anos de prisão por invasão aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), com auxílio do hacker Walter Delgatti, além de falsidade ideológica.

Reunião de planejamento estratégico.

O evento na Interpol, em Lyon, encerrou a agenda do presidente Lula nesta viagem à França. Os compromissos iniciaram no último dia 5, quando o brasileiro foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Na ocasião, foram abordados temas como o acordo entre Mercosul e União Europeia e formalizados aproximadamente 20 acordos bilaterais nas áreas de saúde, segurança pública, educação e ciência e tecnologia.

Luiz Inácio Lula da Silva também participou de eventos culturais, durante a passagem do Brasil para a França, recebeu homenagens da Academia Francesa e da Universidade Paris 8, realizou reuniões com empresários, obteve o certificado do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação e integrou a participação em eventos da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos. A comitiva brasileira retorna ainda hoje para Brasília, com previsão de chegada às 20h30.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte por: Jovem Pan