Lula revive tradição ‘não alinhada’ da diplomacia brasileira e aposta em novos poderes, diz cientista política
Mayra Goulart afirma que discurso de Lula sobre moeda do Brics pode tensionar relação com Trump, mas está alinhado com a postura do Itamaraty.
Defesa de Transações Comerciais Fora do Dólar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma visita à Indonésia, reafirmou a importância de transações comerciais que não dependam do dólar. Em seu pronunciamento, realizado na quinta-feira (23), sua fala foi interpretada como uma crítica às políticas protecionistas dos Estados Unidos, embora não tenha mencionado diretamente Donald Trump.
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A professora de ciência política Mayra Goulart analisa que essa posição reflete uma tradição da diplomacia brasileira. “Desde a Guerra Fria, o Itamaraty busca espaços multilaterais que não se alinhem automaticamente a nenhuma das potências, seja os Estados Unidos ou a União Soviética. Lula retoma essa perspectiva não alinhada, buscando novos espaços de poder”, comentou.
Relação com os Estados Unidos
Goulart ressalta que essa postura pode complicar as relações com os Estados Unidos, mas acredita que não há muitas alternativas, já que Trump não é conhecido por manter aliados. A cientista política observa que o republicano não trata bem seus parceiros e não atua em uma dinâmica de colaboração.
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Sobre o encontro entre Lula e Trump, que deve ocorrer neste fim de semana, Goulart destacou que o presidente dos EUA “se movimenta muito numa economia da atenção”, o que torna suas ações imprevisíveis. No entanto, ela acredita que as tarifas aplicadas ao Brasil e à China podem gerar efeitos negativos nos EUA, levando a uma postura mais pragmática em relação ao Brasil.
Reeleição e Cenário Político
Mayra Goulart também comentou sobre a intenção de Lula de concorrer a um quarto mandato em 2026, afirmando que isso é resultado de uma “melhoria na avaliação do governo e um ajuste na comunicação”. Ela acredita que a comunicação do governo encontrou um tom que ressoa com a maioria dos brasileiros.
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As recentes mudanças ministeriais, como a troca de Márcio Macedo por Guilherme Boulos na Secretaria-Geral da Presidência, indicam uma reorientação do governo para as eleições. “Essas entidades serão responsabilizadas em um processo contínuo de mobilização que culminará nas eleições”, afirmou.
Papel do PT e do STF
Goulart destacou três prioridades do PT para o próximo pleito: “expandir a busca por palanques para Lula nos territórios”, “mobilizar os movimentos sociais” e “aprovar projetos de lei que reforcem a atuação do partido em nome dos trabalhadores e dos mais vulneráveis”.
Por fim, ela enfatizou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem um papel crucial ao responsabilizar os envolvidos na tentativa de golpe após a vitória de Lula em 2022. “O Supremo está deixando claro que não tolerará investidas golpistas, o que é fundamental para a continuidade democrática”, concluiu.
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.












