Lula rejeita contato com Trump e mantém plano de exclusão de setores
O contato telefônico no momento seria inoficioso e indicaria vulnerabilidade.

Com a aproximação da entrada em vigor das tarifas americanas de 50% sobre produtos brasileiros, em 1º de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nega uma ligação para Donald Trump e mantém a expectativa de que a Casa Branca decida excluir de última hora setores específicos.
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No Palácio do Planalto, estima-se que uma ligação para Trump neste momento teria grandes chances de ser considerada “inócua” e demonstrar “fragilidade” ou “desespero” nas negociações.
É “inofensivo”, segundo auxiliares diretos do petista, porque outros países e blocos econômicos com contato próximo com a Casa Branca não conseguiram escapar da tarifação de Trump.
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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, informou, em uma conversa telefônica com Lula, que ficou surpresa ao constatar alíquotas de 30% durante a negociação de seus secretários com o governo americano em Washington.
A União Europeia, também afetada pela ameaça de alíquotas de 30% sobre seus produtos, mantinha contato direto com a Casa Branca e não foi preservada.
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Para o Planalto, isso significa que seria equivocado o entendimento de parte do empresariado de que a mera posse de “canais diplomáticos” mais robustos com Trump e sua equipe garantiria a isenção de tarifas ou o sucesso em uma negociação comercial.
Conselheiros de Lula estimam que uma articulação atual com Trump seria vista pela Casa Branca como “desespero” e “sinal de fraqueza”, considerando que o Brasil estaria disposto a renunciar a tudo em troca de uma solução para a questão tarifária.
Trump, segundo um assessor próximo do petista, não demonstra respeito por aqueles que adotam tal postura.
O assunto de aprovar ou não a medida não é consensual. A maioria dos assessores do presidente, incluindo o ministro Fernando Haddad (Agricultura) e sua assessoria internacional, se opõe.
Um dos poucos favoráveis ao telefonema é o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que está embarcando para Washington junto com uma comitiva de senadores.
Áreas isentas
A avaliação no Palácio do Planalto é que a tarifa sobre produtos chineses entrará em vigor no dia 1 e não há mais chance de um acordo comercial de última hora.
Contudo, conforme ressaltam fontes, é necessária a publicação de uma “executive order” (espécie de decreto presidencial) que detalhe como as alíquotas serão aplicadas.
O governo brasileiro ainda nutre a expectativa de que, por meio do lobby empresarial em Washington, a Casa Branca elimine setores específicos da tarifação.
O suco de laranja, o café e as aeronaves da Embraer são considerados os principais concorrentes, seja por meio do esforço do setor privado brasileiro, seja devido ao trabalho dos clientes americanos, que teriam levado sua preocupação com o aumento de custos ao governo Trump.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.