O presidente concedeu 16 entrevistas até junho, cinco a menos do que em 2024, com foco em rádios e portais regionais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou 16 entrevistas exclusivas no primeiro semestre de 2025. Houve uma redução de 5 em relação ao período de 2024, quando foram contabilizadas 21 aparições na mídia.
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Os dados resultam de levantamento da Poder360, abrangendo o período de 1º de janeiro a 30 de junho de 2025, com base nas agendas de compromissos divulgadas pela Presidência da República e na publicação das entrevistas pela mídia.
Durante este período, Lula direcionou suas declarações para rádios locais (5) e portais de notícias regionais (8), com ênfase nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. O maior volume de entrevistas ocorreu em Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Amapá. Todas as entrevistas realizadas com as rádios foram divulgadas no canal oficial do presidente no YouTube.
A última entrevista gravada no período foi no podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown, publicada em 19 de junho.
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Em dois anos e meio de governo, Lula realizou 85 entrevistas, adotando uma estratégia de comunicação mais direcionada. A Globo, que era o principal grupo de mídia nos primeiros dois anos, não concedeu entrevista no primeiro semestre de 2025.
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Em 2024, no mesmo período, o petista proferiu mais vezes em rádios (8), jornais (8) e canais de TV (5). Em 2025, a agenda de comunicação do presidente expandiu o alcance geográfico, com entrevistas em 10 Estados, 2 a mais do que no primeiro semestre do ano anterior.
A seleção dos formatos e dos canais de comunicação revela uma estratégia de divulgação mais direcionada. Em 2025, Lula não concedeu entrevistas a nenhum meio de comunicação. Contudo, manteve contato com as rádios Itatiaia e Rádio Metrôpole, além do jornal A Tarde, de Minas Gerais e Bahia, respectivamente. Isso significou um reforço da sua atuação em locais de grande relevância política.
Observa-se, ainda, a diminuição da presença em emissoras de televisão. No primeiro semestre de 2025, o petista concedeu apenas uma entrevista à Record, de Santos (SP). Em 2024, no mesmo período, foram realizadas cinco entrevistas televisivas.
Atualmente, Record e Globo estão abordando o segundo semestre com a discussão sobre a tarifação que Donald Trump (Republicano) implementou para produtos brasileiros.
A diminuição no volume de entrevistas ocorreu em conjunto com alterações na forma como o governo conduzia a comunicação. Em janeiro, Sidônio Palmeira assumiu a liderança da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), substituindo o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). Essa mudança também representou uma quebra na influência exercida por Janja na comunicação do Palácio.
A administração da Pimenta caracterizou-se por conflitos internos, pressão por resultados e dificuldades na aplicação do orçamento publicitário. O ex-ministro argumentava pela necessidade de maior destaque para as ações do governo e reconheceu que o presidente Lula necessitava de uma revisão na estratégia de comunicação.
Sob sua gestão, a ênfase recaiu sobre agendas regionais, emissoras de rádio locais e comunicação tradicional, com Lula exercendo um papel mais descentralizado. Pimenta destacou a recuperação da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) como um de seus principais legados.
Já Palmeira, publicitário de perfil discreto, chegou com a missão de redefinir a imagem de Lula e aumentar sua popularidade.
Ele, por ser próximo ao presidente e responsável pelo marketing da campanha de 2022, assegurou que o foco da comunicação seria a figura de Lula: “O presidente será o motor da comunicação”, declarou.
Com sua orientação, o PT lançou campanhas com linguagem mais direta e polarizada, como o lema “Ricos x Pobres”, que defende a tributação de “bilionários, bancos e bets”, apelidada de “taxa BBB”. O partido também promoveu reuniões com influenciadores digitais para ampliar a discussão nas redes sociais.
A estratégia de “mote” pareceu surtir efeito. Na mesma semana em que Jair Bolsonaro (PL) realizou seu segundo evento com baixa adesão, militantes de esquerda ocuparam o edifício Faria Lima 3500, sede do Itaú BBA, em São Paulo. Eles exibiram faixas com mensagens como: “Taxação dos super-ricos já!”. Apesar disso, declararam que a ocupação não tinha ligação com o governo.
Com Sidônio, o Planalto intensifica a disputa simbólica, contudo a prática demonstra certa contenção. A escassez de entrevistas na mídia tradicional no primeiro semestre é a prova disso. O discurso do governo elevou o tom, mas a aposta, por ora, não parece ser a superexposição. A presença de Lula segue dosada e o alcance, mais restrito.
Em comparação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mesmo período de mandato, Lula concedeu menos entrevistas. No primeiro semestre do terceiro ano de governo, em 2021, Bolsonaro realizou 33 entrevistas, o dobro do petista até então.
Lula compareceu a diversas regiões e formatos, enquanto Bolsonaro concentrou suas entrevistas em poucos veículos de mídia. Do total de 33 aparições, o ex-presidente falou 23 vezes no programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan.
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Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.