Luiz Inácio Lula da Silva classifica o tarifaço dos EUA como um “desafio inédito”. Entenda os impactos e as reações do Brasil diante dessa crise comercial!
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descreveu o tarifaço imposto pelos Estados Unidos como um “desafio inédito” em seu pronunciamento na véspera de Natal, na quarta-feira (24). O impacto das tarifas de importação do presidente Donald Trump afetou não apenas o Brasil, mas também todos os parceiros comerciais dos EUA.
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Desde a campanha presidencial, Trump enfatizava sua preferência pela palavra “tarifas”, com o objetivo de favorecer a produção interna e reduzir o déficit comercial dos EUA. Ele argumentava que a indústria americana havia sido prejudicada, tornando o país dependente de importações.
Em 2024, o déficit comercial dos EUA alcançou US$ 918,4 bilhões, um aumento de 17% em relação a 2023, conforme dados do BEA e do Departamento do Censo dos EUA.
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Após retornar à Casa Branca, Trump iniciou uma série de estudos para avaliar o que considerava desequilíbrio comercial com seus parceiros, com o Brasil sendo um dos principais alvos. O tarifaço, que Trump chamou de “Dia da Libertação”, afetou diversos países.
Em julho, Trump criticou o Brasil, afirmando que o país estava sendo “muito ruim” para os EUA e anunciou a elevação das tarifas.
A tensão política aumentou à medida que os canais de comunicação entre os dois países se tornaram escassos. As exportações brasileiras para os EUA, que haviam se recuperado após a pandemia, atingiram um pico de US$ 4 bilhões em junho de 2022, mas caíram para US$ 2,2 bilhões em outubro de 2025, com uma leve recuperação para US$ 2,6 bilhões em novembro.
Dados do Cecafé mostram que, apesar da queda nas exportações, os EUA continuaram sendo o principal destino do café brasileiro em 2025. As exportações de produtos de madeira também foram impactadas, conforme análise da Abimci. Entre os principais produtos exportados, destacam-se óleos brutos de petróleo, produtos semi-acabados de ferro e aeronaves.
Com a aplicação da alíquota de 50% em agosto, o debate sobre o tarifaço se politizou. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo, criticou a medida, enquanto o governo brasileiro buscava defender suas instituições e a indústria nacional. A popularidade de Lula, que estava em queda, começou a se estabilizar.
No dia 14 de novembro, os EUA suspenderam tarifas sobre uma série de produtos agrícolas brasileiros, incluindo carne bovina e café. Essa decisão foi vista como um avanço nas relações entre os dois países. O economista Roberto Uebel destacou a importância do diálogo entre Lula e Trump, que poderia sinalizar uma retomada nas relações comerciais.
O vice-presidente Geraldo Alckmin também mobilizou empresas americanas para pressionar Washington contra as tarifas. Contudo, o tarifaço expôs fraquezas no mercado brasileiro, com investidores enfrentando aumento da aversão ao risco e pressão cambial.
Uebel alertou para os impactos estruturais em setores específicos, como o de calçados no Sul do Brasil.
Um estudo da Amcham Brasil revelou que 21 setores enfrentaram retração nas vendas para os EUA entre agosto e novembro de 2025. Apesar das dificuldades, o governo brasileiro começou a mapear mercados alternativos, como Arábia Saudita e Vietnã para carne bovina e China para café.
Uebel acredita que, nos próximos meses, as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos podem se normalizar, mas enfatiza a necessidade de diversificação de mercados. Lula avaliou que 2025 foi um ano desafiador, mas que o povo brasileiro saiu como o grande vencedor.
No entanto, o tarifaço ainda não terminou, e setores dependentes dos EUA continuam sob pressão.
Autor(a):
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.