O presidente Lula (PT) criticou Donald Trump, na sexta-feira 25, alegando que o presidente dos Estados Unidos estava “mal-informado” e foi “induzido a acreditar em uma mentira” sobre a situação de Jair Bolsonaro (PL). A declaração ocorreu em uma cerimônia do Novo PAC, no Jardim Rochdale, em Osasco (SP).

Foi uma reação ao tarifário de Trump, justificada por uma alegação de perseguição do Supremo Tribunal Federal contra Bolsonaro, réu por liderar uma tentativa de golpe de Estado.

Lula afirmou que o Trump acreditou em uma mentira sobre o Bolsonaro estar sendo perseguido, quando ele está sendo julgado, com o direito de defesa. Se [Trump] tivesse agido como fez no Capitólio, também estaria sendo julgado.

O petista também afirmaria que explicaria a situação pessoalmente a Trump, se tivesse sido procurado.

“O Bolsonaro não é problema meu, ele é problema da Justiça brasileira”, disse. “Trump, no dia em que você quiser conversar, o Brasil estará preparado para mostrar o quanto você foi enganado pelas informações que lhe passaram. Quando você souber da verdade, vai dizer: ‘Lula, não vou mais taxar o Brasil’. Porque o Brasil quer conversar. O problema é que ele [Geraldo Alckmin] liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, lamentou Lula. “Eu quero que ele saiba que, com o respeito com que eu trato os Estados Unidos, estamos abertos ao diálogo.”

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O presidente considerou falta de respeito a tentativa de interferência e assegurou que Bolsonaro responderá a processos legais com base em provas.

Ele pretendia assassinar o Lula, o [Geraldo] Alckmin e o [então] presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Tudo isso foi comprovado por delatado dele mesmo, em referência ao plano “Punhal Verde e Amarelo”.

As declarações foram feitas no anúncio de um aporte de 4,67 bilhões de reais para a urbanização de favelas, por meio do programa Periferia Viva, do Novo PAC. O investimento beneficiará aproximadamente 375 mil famílias em 49 territórios periféricos de 32 municípios em 12 estados. Apenas o estado de São Paulo receberá 2 bilhões de reais. A iniciativa abrange 17 ministérios e busca promover a inclusão social com infraestrutura, moradia e regularização fundiária.

O presidente, em outra parte do discurso, estabeleceu uma relação entre o episódio da Inconfidência Mineira e a atuação de apoiadores de Bolsonaro no exterior, criticando parlamentares ligados a Bolsonaro por alegarem interferência dos Estados Unidos no Brasil, acusando-os de “trair a Pátria”.

Tiradentes foi traído por um homem chamado Silvério dos Reis. Mas essas pessoas agora são piores. Estão na porta do presidente dos Estados Unidos pedindo intervenção no Brasil. Isso é traição. Que patriota é esse? […]. É uma pena que ainda tenha gente que não tem um pingo de caráter. Estão lá elogiando americano, pedindo sanções contra o Brasil. Isso é falta de vergonha.

Grandes empresas de tecnologia.

Lula também respondeu às críticas de Trump à proposta brasileira de regulamentação das grandes empresas de tecnologia: “Vamos fazer regulamentação, sim. Eles têm que respeitar a legislação brasileira. Não podem continuar promovendo ódio entre adolescentes, espalhando mentiras e tentando destruir a democracia.”

O petista também ironizou a reclamação de Trump sobre supostos prejuízos comerciais dos EUA com o Brasil: “Eles exportaram 47 bilhões de dólares para nós, e nós exportamos 40 bilhões para eles. Quem tem superávit são eles. Então, quem está reclamando é porque não tem os dados certos.”

Permanecemos calmos. Vamos escutar, vamos debater, porém, a decisão final cabe a nós. O povo brasileiro é quem detém o poder neste país, declarou Lula.

Fonte por: Carta Capital