A Casa Branca respondeu aos posicionamentos do presidente e afirmou que Trump “não está tentando ser imperador do mundo”.
O presidente Lula (PT) reiterou nesta quinta-feira (17), em entrevista à emissora CNN dos Estados Unidos, que está “aberto a negociar o que for necessário” com o governo estadunidense de Donald Trump em relação às tarifas, mas que “o Brasil não aceitará nada que lhe seja imposto” ao comentar sobre a tentativa de interferência do republicano na política brasileira. “O que não queremos é ser feitos de reféns. Queremos ser livres”, afirmou.
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Lula reiterou que a carta do governo dos Estados Unidos distorce a relação comercial entre os países e busca interferir em um processo do Poder Judiciário brasileiro. O presidente afirmou que não é ele quem julga o ex-presidente Jair Bolsonaro, e sim o Supremo Tribunal Federal (STF), e defendeu que “é inaceitável a interferência dos EUA em assuntos internos do Brasil”.
O presidente mencionou também ter sido julgado pela mesma corte, e nunca ter promovido uma campanha contra a instituição, como é imputado a Bolsonaro. “O presidente Trump tem que respeitar a soberania deste país. A soberania da Suprema Corte, a soberania do Legislativo, a soberania do Poder Executivo. Assim como eu respeito a soberania americana”, disse.
Lula antecipou em entrevista que o Brasil buscará uma solução definitiva por meio da diplomacia, mas tentará inicialmente “uma solução final pela via diplomática”. O presidente declarou que está em contato com empresários e buscando uma solução comercial, sem descartar o uso da recentemente aprovada lei de reciprocidade.
Seria muito mais adequado buscar uma negociação e um acordo viável, considerando que temos uma relação muito forte há 201 anos. O que não pode ocorrer é o presidente Trump esquecer que foi eleito para ser o presidente dos Estados Unidos, e não o imperador do mundo”, afirmou Lula.
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A declaração foi respondida pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, horas depois. Em coletiva de imprensa, ela afirmou que “o presidente [Trump] certamente não está tentando ser o imperador do mundo”, e que as ações de seu governo contra o Brasil são do “melhor interesse do povo dos Estados Unidos”. A porta-voz também citou a investigação aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil por supostas práticas desleais de comércio, que afetam empresas americanas, e disse que “as regulamentações digitais brasileiras e as fracas proteções à propriedade intelectual” prejudicam as companhias do país. Um dos pontos apontados na investigação governamental é que empresas do país seriam afetadas negativamente pelos “serviços de pagamento eletrônico”, isto é, o Pix.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.