Lula afirma no Congresso da UNE: “Não é um estrangeiro que vai dar ordens a este presidente da República”

O presidente critica a interferência dos Estados Unidos, defende a soberania nacional e chama a juventude à luta.

17/07/2025 17:02

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Lula afirma no Congresso da UNE: “Não é um estrangeiro que vai dar ordens a este presidente da República”
(Imagem de reprodução da internet).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compareceu, na quinta-feira (17), à sessão plenária do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), que ocorreu na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia (GO). Utilizando vestimenta vermelha e munido do boné da UNE, o presidente proferiu um discurso de aproximadamente 30 minutos perante aproximadamente 10 mil estudantes, ocasião em que reiterou o apoio à soberania nacional e manifestou críticas à conduta dos Estados Unidos em relação ao Brasil.

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“Temos duzentos e um anos de relações diplomáticas com os Estados Unidos”, afirmou. “E temos um déficit comercial de serviços e de comércio de US$ 410 bilhões em 15 anos. Portanto, os Estados Unidos são muito superavitários com o Brasil”. Segundo Lula, esse histórico reforça a posição brasileira de não aceitar pressões externas: “Nós não aceitamos a ideia do presidente [dos EUA] mandar uma carta via e-mail dizendo que, se não libertar o Bolsonaro, vai taxar em 50%”.

Em referência direta ao presidente Donald Trump, Lula foi enfático: “Nós não aceitamos que ninguém, de nenhum país fora do Brasil, se meta em nossos problemas internos. É a primeira vez na história desse país que temos três generais de quatro estrelas presos. E não estão presos à toa. Estão presos porque tentaram dar um golpe. E vão ser julgados, não porque o Lula quer. Vão ser julgados com base nos autos do processo”.

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O presidente comparou a situação brasileira com a tentativa de golpe nos Estados Unidos, em 2021: “Se o Trump tivesse tentado aqui no Brasil o que fez no Capitólio, poderia também ser preso”.

Lula prosseguiu com um tom confrontacional. “Não é um estrangeiro que irá determinar as ações deste presidente da República. Eu sei a quem devo prestar respeito neste país. A pessoa cujo nome tem apenas quatro letras: chama-se povo brasileiro.”

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Além de Lula, participaram do ato a primeira-dama Janja Lula da Silva e os ministros Alexandre Padilha (Saúde), Camilo Santana (Educação), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Margareth Menezes (Cultura) e Marcio Macedo (Secretaria-Geral), juntamente com representantes de movimentos populares e centrais sindicais.

Enquanto eu estiver no cargo, não hesite em defender seus interesses, exigir resultados.

O presidente, considerando a juventude, chamou os estudantes para se organizarem e planejarem os destinos do país. “O bloco de esquerda presente aqui conta com no máximo 140 deputados na Câmara dos Deputados, em um total de 513. E no Senado, temos apenas doze. Para aprovar qualquer proposta, é necessário ter uma maioria”, recordou.

“É preciso transformar os nossos sonhos em ação”, defendeu Lula. “Como o PT é capaz de eleger um presidente da República cinco vezes e só faz setenta deputados federais? Será que o povo está nos compreendendo? Por que o povo não vota nos deputados e senadores de esquerda? Esse é um desafio para a juventude pensar”.

Lula também alertou sobre o papel das plataformas digitais nas eleições e solicitou atenção às notícias falsas. “A juventude é muito vulnerável à máquina das empresas de tecnologia. É importante que aprenda a distinguir a mentira da verdade, senão vamos fazer uma eleição com base numa guerra de inteligência artificial”.

Em contraposição a essa situação, o presidente defendeu outro projeto social: “Não quero uma sociedade de algoritmos, quero uma sociedade de humanistas. Construir companheiros de verdade, de carne e osso”, pontuou. E reforçou: “Reivindiquem enquanto é tempo de reivindicar”.

O presidente também sugeriu que a UNE desenvolvesse um projeto direcionado às áreas periféricas. A proposta, segundo ele, seria aproximar os estudantes dos jovens que não tiveram acesso à educação. “Demonstrem que vocês não são uma entidade distante deles”, afirmou.

É necessário avançar um pouco mais. O debate deve deixar os espaços acadêmicos e se desenvolver na sociedade. É preciso politizar a sociedade brasileira para que ela não seja enganada por indivíduos desonestos, afirmou.

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O presidente sancionou na sessão plenária o Projeto de Lei (PL) 3.118, de 2024, que estende a aplicação dos recursos do Fundo Social – oriundos da exploração de petróleo e gás natural – para financiar políticas de assistência estudantil em instituições públicas.

Proposto pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o texto revisa a Lei nº 12.858, de 2013, incorporando como prioridade do Fundo Social ações destinadas à manutenção de estudantes de baixa renda no ensino superior. A medida também altera a Lei nº 14.914, de 2024, fortalecendo o suporte a políticas de ações afirmativas.

Fonte por: Brasil de Fato

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.