Líderes indígenas denunciam projetos de exploração de petróleo na região da foz do Amazonas

Conselho que representa 4 etnias indígenas afirma não ter sido consultado e pede o cancelamento do processo de licenciamento.

02/06/2025 18:19

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Líderes indígenas denunciam projetos de exploração de petróleo na região da foz do Amazonas

O CCPIO (Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque) divulgou uma carta solicitando a suspensão imediata do licenciamento do bloco FZA-M-59, na bacia da foz do rio Amazonas. O documento foi publicado nesta segunda-feira (2.jun.2025) por mais de 60 caciques das etnias Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kali’na e Palikur Arukwayene. A íntegra está disponível (PDF – 127 KB).

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A perfuração de petróleo na região causará poluição, destruição de ecossistemas e impactos irreparáveis à biodiversidade, afetando a pesca, a agricultura e as fontes de água. Não aceitamos que interesses econômicos se sobreponham à vida de nossos parentes e ao futuro das próximas gerações, afirma a carta.

Os chefes indígenas que tradicionalmente residem no norte do Amapá dependem diretamente dos recursos naturais da região para sua sobrevivência, algo que pode ser comprometido em caso de vazamento de petróleo.

O documento cita, em particular, o bloco FZA-M-59, localizado na Margem Equatorial, juntamente com todos os blocos abrangidos no leilão da ANP, previsto para 17 de junho. Os líderes declaram que não foram consultados sobre os empreendimentos de exploração petrolífera.

O conselho afirma que as terras indígenas foram omitidas do estudo de impacto ambiental elaborado pela Petrobras. O CCPIO critica o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e membros do Congresso Nacional, incluindo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que, de acordo com a carta, “age como instrumento de destruição”.

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O Ibama está avançando na aprovação de planos e autorizações necessárias para a Petrobras realizar estudos de exploração de petróleo no bloco FZA-M-59.

Ainda não existe, contudo, uma licença de exploração. A próxima fase será a APO (Avaliação Pré-Operacional), que testará um plano de emergência da Petrobras para ocorrências de vazamento. Não há data definida para os testes.

A Poder360 contatou o senador Davi Alcolumbre, o governo do Amapá e o Ministério do Meio Ambiente, porém não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso haja alguma manifestação enviada a este jornal digital.

Fonte por: Poder 360

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.