Resultados, inovação e metas predominam no ambiente das grandes corporações. Contudo, a saúde emocional dos executivos dificilmente aparece nos relatórios. Entre presidentes, diretores e conselheiros, os sintomas de esgotamento e desânimo estão cada vez mais presentes.
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Uma pesquisa da Yale School of Management, conduzida em 2022 envolvendo 1.065 executivos de alto escalão na Europa e nos Estados Unidos, indicou que 72% enfrentaram exaustão grave e 51% consideraram renunciar aos seus cargos devido a problemas de saúde mental.
O psicólogo e neurocientista Lucio Eroli defende que executivos necessitam de terapia não como solução temporária, mas como uma estratégia para alcançar clareza, integridade e prevenção.
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Ego fraco e vulnerabilidade interior.
No ambiente corporativo líquido, conforme apontou o sociólogo Zygmunt Bauman, a instabilidade é uma constante. Relacionamentos, posições e vínculos se transformam com rapidez, mas o orgulho dos executivos se fortalece para enfrentar as pressões contínuas. O consequente é um indivíduo atuante, contudo emocionalmente exausto.
O filósofo Friedrich Nietzsche já alertava: “O homem moderno corre para não ter que se encontrar”. Para muitos líderes, o corpo e a mente acabam cobrando o preço desse ritmo contínuo.
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Um estudo de caso de uma executiva global
Um caso citado por Eroli é o de uma diretora de uma farmacêutica, 53 anos, que procurou auxílio com sintomas de insônia crônica, ansiedade e torpor emocional. Ela, que se apresentava como candidata à presidência regional, vivia sob lógica de desempenho integral, porém sem espaço para questões pessoais.
No curso da terapia, surgiram perdas não processadas, culpa familiar e vulnerabilidades no âmbito afetivo. A mudança ocorreu ao identificar que a filha, adolescente, repetia o mesmo padrão de autocrítica. Após o término do casamento, restabeleceu o relacionamento familiar e criou um comitê de saúde emocional em sua empresa, adotando uma liderança mais compassiva.
Para Eroli, exemplos como este ilustram que “terapia não é luxo. É inteligência emocional aplicada”.
A terapia apresenta resultados comprovados.
Pesquisas da American Psychological Association (2021–2023), envolvendo 3.400 executivos, indicam benefícios mensuráveis do acompanhamento psicológico.
43% diminuíram os níveis de cortisol.
27% aumentaram a empatia em decisões de liderança.
38 % relataram melhora no sono e na clareza mental.
Gestores que participavam de reuniões periódicas apresentaram quatro vezes mais satisfação com a vida em comparação com aqueles que procuravam assistência de forma isolada.
Os dados indicam que a terapia pode ser vista como uma estratégia organizacional, uma vez que afeta o engajamento, a tomada de decisões e a retenção de líderes.
Líderes frequentemente evitam a terapia devido à necessidade de interrupção, o que contrasta com a lógica da produtividade incessante. Contudo, como ressalta Eroli, “quem não para por escolha, acaba parado por colapso”.
O filósofo Viktor Frankl afirmava: “Quem tem um porquê, enfrenta qualquer coisa. Mas quem vive apenas o como, uma hora implode por não saber por que começou”.
O impacto de um líder vai além de resultados mensuráveis. Ele se manifesta nas relações que estabelece, no impacto que causa nos familiares e no reconhecimento que recebe dos companheiros, não apenas como gestor, mas como pessoa.
Fonte por: Carta Capital