Lia Thomas comenta sobre sua vida após polêmica como atleta transgênero

Em entrevista exclusiva, nadadora transgênero aborda o impacto da atenção global em sua carreira e o processo de aceitação após polêmicas no esporte universitár…

19/10/2025 13:57

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Entrevista com Lia Thomas

Em uma entrevista rara, Lia Thomas compartilhou como tem sido sua vida como uma das nadadoras transgênero mais conhecidas do mundo. Thomas se tornou alvo de intenso escrutínio após vencer várias competições femininas da NCAA, gerando protestos de quem acreditava que ela tinha uma vantagem injusta.

A situação ganhou ainda mais atenção quando o governo Trump ordenou que a Universidade da Pensilvânia (Penn), onde Thomas competia, apagasse seus recordes. Em julho, a universidade alterou três recordes estabelecidos por Thomas e anunciou que se desculparia com as atletas que competiram contra ela.

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Em uma longa entrevista à emissora pública WHYY, de Filadélfia, realizada pouco antes da decisão de Penn, Thomas falou sobre o impacto da atenção recebida em sua vida e carreira. Ela competiu pela última vez por Penn em 2022 e, em 2024, perdeu uma batalha judicial contra a World Aquatics, que a impediu de competir em provas femininas de elite devido a uma nova política.

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Com isso, sua carreira como nadadora profissional chegou ao fim. “Ainda nado ocasionalmente, sozinha em uma YMCA local”, revelou Thomas. “Com tudo que aconteceu em meu último ano e desde então, é fácil desenvolver uma percepção negativa da natação, onde nadar traz à tona toda aquela dor e sentimentos de luto.”

Ela acrescentou que é necessário um esforço consciente para focar na alegria que a natação ainda proporciona. “Há momentos em que consigo encontrar aquele escape que a natação representava para mim quando criança, e deixo tudo ir embora, quase como se estivesse voando.”

Encontrando aceitação

Na entrevista, Thomas falou sobre sua luta contra a disforia de gênero durante a juventude, mencionando que a natação era uma forma de escapar de seus problemas. Ela descobriu ser trans antes de entrar na faculdade e descreveu isso como uma “maravilhosa descoberta”, embora os medos sobre a reação das pessoas surgissem em seguida.

Thomas comentou que seus pais precisaram de tempo para aceitar sua transição e que foi essencial que vissem sua felicidade para compreenderem sua decisão. Ela espera que a sociedade e a mídia também possam passar por esse processo de aceitação.

Conselho para crianças

Thomas compartilhou que houve momentos em que sentiu que o mundo estava contra ela. Nesses períodos difíceis, ela contou com o apoio de familiares e amigos, incluindo Schuyler Bailar, um homem transgênero que também nadou em alto nível universitário e agora educa sobre questões trans.

Quando questionada sobre o que diria a crianças enfrentando desafios semelhantes, Thomas repetiu o conselho que Bailar lhe deu há seis anos: “É mais fácil lutar contra o mundo inteiro do que lutar contra si mesmo todos os dias.”

Ela refletiu sobre sua jornada, afirmando que enfrentaria todas as dificuldades novamente sem hesitar. “Não há substituto para viver e ser seu eu autêntico. Infelizmente, é preciso coragem devido às dificuldades de ser abertamente trans, especialmente como atleta.”

“Mas vale a pena, e eu sei que você pode conseguir”, concluiu Thomas.

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.