Ministro afirma em artigo que a IA não é neutra e que somente países soberanos detêm o poder de regular a tecnologia e salvaguardar direitos frente aos riscos associados.
O ministro considera que a inteligência artificial (IA) não é uma tecnologia neutra. “Ela é controlada por algoritmos elaborados de forma arbitrária por seus idealizadores, inserindo-se em contextos sociais, políticos, econômicos e culturais específicos, sob o controle de instituições que possuem objetivos próprios, nem sempre altruístas”, escreveu.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Lewandowski argumentou que a regulamentação da IA não pode ser responsabilidade do mercado ou da “autorregulação” das empresas de tecnologia. Para ele, somente os Estados nacionais possuem as condições de assegurar que a inteligência artificial atenda aos interesses da sociedade.
O ministro destaca os benefícios da IA e lembra que a tecnologia já é utilizada em diversas áreas, como pesquisa científica, fabricação de fármacos, diagnósticos médicos, segurança dos transportes, previsão do tempo, automação industrial e agricultura. Ele afirma que a inteligência artificial “é capaz de ensinar computadores a dominar capacidades cognitivas humanas e aplicá-las em questões teóricas e práticas de forma mais célere e eficiente do que os próprios seres humanos”.
Contudo, Lewandowski discorre sobre os riscos. Ele afirma que a tecnologia pode “desenvolver patógenos incuráveis, desenvolver armas praticamente invencíveis, provocar guerras acidentais, interferir no comportamento dos indivíduos, eliminar empregos, estimular regimes autocráticos, manipular códigos genéticos, invadir a privacidade das pessoas e escapar do controle de seus criadores, desenvolvendo uma vontade própria”.
O ministro mencionou a acadêmica Kate Crawford, autora de Atlas of AI, que afirma que a IA, apesar de parecer uma força espectral, corresponde a infraestruturas físicas que estão redesenhando o mundo, ao mesmo tempo em que alteram a maneira como ele é percebido e compreendido. Crawford também ressalta que essas políticas são direcionadas pelas grandes empresas de IA, as big techs, que consistem em cerca de meia dúzia de companhias que dominam a computação planetária em larga escala.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Por fim, o ministro destacou a complexidade da IA, que engloba desde a política de inteligência até a coleta massiva de dados; da concentração industrial do setor tecnológico ao poder geopolítico militar; do esgotamento do meio ambiente às diferentes formas de discriminação; além de reconfigurações em “epistemologia, princípios de justiça, organização social, expressão política, cultura, compreensão dos corpos humanos, subjetividades e identidades”.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.