Antigo executivo desmaiou em sua residência na noite do sábado (19) e foi encaminhado ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, vindo a óbito.
José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, faleceu na madrugada deste domingo (20), aos 93 anos. O ex-dirigente apresentou dificuldades de saúde em casa na noite de sábado e foi encaminhado ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde sucumbiu. Nos últimos meses, Marin enfrentou problemas de saúde, incluindo um acidente vascular cerebral (AVC) ocorrido no final de 2023, que deteriorou seu estado de saúde e demandou acompanhamento médico contínuo. Marin residiu de forma discreta na capital paulista nos últimos anos. O funeral está previsto para este domingo, entre 13h e 16h, na Funeral Home, em São Paulo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O ex-líder construiu uma trajetória com ocorrências de controvérsias no futebol brasileiro. Além da atuação esportiva, Marin atuou politicamente nos anos 1980 como deputado estadual, vice-governador e, por um curto período, governador de São Paulo. Também presidiu a Federação Paulista de Futebol entre 1982 e 1988.
Marin desenvolveu uma extensa trajetória política antes de assumir a presidência da CBF. Filho de imigrantes espanhóis, teve uma infância modesta e combinou a carreira como jogador amador de futebol com os estudos de Direito na USP. Em 1963, foi eleito vereador pelo Partido de Representação Popular (PRP). Já filiado à Arena, partido ligado ao regime militar, tornou-se presidente da Câmara Municipal de São Paulo em 1969. Na década de 1970, exerceu dois mandatos como deputado estadual e, em 1978, foi eleito vice-governador de São Paulo. Entre 1982 e 1983, governou o Estado por aproximadamente dez meses, substituindo Paulo Maluf, com quem era associado e alvo de críticas severas, sendo denominado “irmão siamês”. Seu governo foi marcado por controvérsias, incluindo a rejeição das contas e questionamentos envolvendo empréstimos da Caixa Econômica Estadual.
Após deixar o Palácio dos Bandeirantes, Marin retornou ao futebol como presidente da Federação Paulista entre 1982 e 1988. Tentou um retorno à política em 2002, ao concorrer ao Senado, mas obteve apenas 0,2% dos votos válidos. Apesar disso, manteve influência na administração esportiva, com seu filho ocupando cargos na Federação Paulista e na CBF. Sua atuação política do ex-dirigente foi fundamental para consolidar sua influência no futebol nacional. Sua proximidade com o poder estadual e as articulações nos bastidores facilitaram sua ascensão nos órgãos dirigentes do futebol paulista e, posteriormente, na CBF. No entanto, sua imagem pública ficou marcada tanto pelo prestígio conquistado quanto pelas controvérsias que o acompanharam, reflexo das complexas relações entre política e esporte no Brasil nas últimas décadas.
A ligação de Marin com o esporte se iniciou na infância. Seu pai, Joaquín Marin y Umañas, era boxeador, popularmente conhecido como Jack, o Terrível. Marin também foi jogador de futebol amador e, entre 1949 e 1954, atuou nas categorias de base do São Paulo FC e em clubes menores como São Bento de Marília e Jabaquara. Pelo São Paulo, disputou dois jogos oficiais e balançou as redes em uma ocasião.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em 2012, Marin tornou-se presidente da CBF após a renúncia de Ricardo Teixeira, que liderava a entidade por 23 anos. Seu período no cargo foi marcado por investigações de corrupção que impactaram o futebol global. Em 2015, Marin foi preso na Suíça durante uma operação do FBI que investigava um esquema internacional de suborno e lavagem de dinheiro na Fifa, ocorrido no caso do Fifagate. Acusado de receber propinas em troca de contratos ligados a eventos esportivos, o ex-diretivo foi extradição para os Estados Unidos, onde foi julgado e condenado à prisão.
Após concluir uma fração da pena, Marin foi autorizado a retornar ao Brasil em 2020, estando sob regime de prisão domiciliar em razão de questões de saúde intensificadas pela pandemia de Covid-19. Nesse período, ele comercializou propriedades para cobrir despesas com a defesa e a prisão domiciliar, incluindo um palacete localizado no bairro Jardim Europa, em São Paulo.
Publicado por Luisa Cardoso *Com informações do Estadão Conteúdo
Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.