A mostra revela a conexão entre violência estatal e crime organizado, destacando a crítica de José Cláudio Souza Alves sobre a falta de investigação financeira
A mostra evidencia não apenas a violência estatal, mas também o que o sociólogo José Cláudio Souza Alves, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), denomina de “estrutura financeira do crime organizado”. Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, ele argumentou que o foco deve ser nos grandes investidores que lucram com o tráfico, e não apenas nas favelas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“Quem faz partidas de US$ 2 milhões de cocaína para o Brasil, para o Rio de Janeiro, não reside em uma favela. São investidores de alto nível”, afirma. Alves enfatiza a importância de rastrear o dinheiro. “Essa movimentação financeira vai escoar para algum lugar, não fica guardada em colchões.
Está depositada em grandes estruturas financeiras, em empresas e instituições que desejam acessar esse capital”, aponta.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O sociólogo critica a falta de investigações sobre o fluxo financeiro do crime e ressalta a necessidade de investimento em inteligência. “É preciso cruzar dados da estrutura criminal com a estrutura financeira. Isso não se faz apenas com discursos. É necessário um investimento significativo em pessoas, equipamentos e tecnologia”, defende.
Alves cita a atuação da Polícia Federal (PF), que desmantelou esquemas de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, como prova da capacidade técnica existente no país. “Quando há vontade política e investimento em um projeto de investigação, os resultados aparecem”, indica.
Para o sociólogo, a operação no Rio foi “calculada, com uma agenda política”, transformando o enfrentamento armado em um palanque. “Estão criando uma narrativa do governo federal e do governo Cláudio Castro como heróis em meio a essa chacina monstruosa e ao sofrimento que estão causando”, lamenta.
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.