Jornalistas denunciam censura e interferência do governo Romeu Zema na TV Minas e Rádio Inconfidência

Profissionais revelam benefícios ilegais ao partido e à administração do governador Romeu Zema.

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(Imagem de reprodução da internet).

Jornalistas da EMC denunciam assédio moral e interferências políticas

Profissionais da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), que inclui a Rádio Inconfidência e a TV Minas, participaram de uma audiência pública na comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no início deste mês. O objetivo foi relatar casos de assédio moral e transferências indevidas de servidores.

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Os jornalistas afirmam que esses abusos fazem parte de uma tentativa de aparelhamento político da EMC pelo governo Zema (Novo). O deputado Dr. Jean Freire (PT) também destacou a necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação.

Denúncias de abuso e desvio de função

“Recebo muitas denúncias de servidores que falam com medo. Estamos aqui questionando o uso partidário da Rede Minas, que deveria ser uma referência em conectar os mineiros à sua cultura e garantir acesso à informação de qualidade”, declarou Freire.

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Marcia Helena Soares Bueno, repórter da Rádio Inconfidência, corroborou as alegações do deputado, afirmando que a EMC se tornou um ambiente de trabalho nocivo. Com 19 anos na rádio, ela nunca viu um nível de adoecimento como o atual, causado pelo assédio moral e pela impossibilidade de seguir a ética profissional.

Condutas que configuram abuso de poder

As denúncias indicam que as práticas relatadas configuram abuso de poder e improbidade administrativa, segundo Lina Patrícia Rocha, presidenta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG). Ela enfatiza que a EMC é uma empresa pública, patrimônio do Estado de Minas Gerais.

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“As matérias-propaganda demonstram a apropriação política deste governo de empresas públicas, que têm um histórico democrático. A Rede Minas está sendo usada como porta-voz do governo”, afirmou Rocha.

Início dos problemas com o governo Zema

Os jornalistas relataram que os problemas começaram em 2019, quando o governador Romeu Zema assumiu o cargo. Em 2023, a empresa foi transferida da Secretaria de Cultura e Turismo para a Secretaria de Comunicação, facilitando interferências.

“Essa apropriação não começou agora. Desde que Zema assumiu, houve tentativas de fechamento da Rádio Inconfidência, barradas pela mobilização popular e pela ALMG”, lembrou Rocha.

Demissões e precarização do trabalho

A presidenta do SJPMG destacou que a retirada de concursados, considerados a última linha de defesa do patrimônio público, ocorreu com a substituição por cargos comissionados e estagiários, que têm menos estabilidade e temem represálias.

A EMC também entrou com uma ação judicial para derrubar uma liminar que impede a contratação de mão de obra terceirizada. Rocha afirmou que profissionais estão sendo contratados em cargos “fictícios” para produção de conteúdo.

Perseguições e adoecimento dos servidores

Rocha ainda denunciou que os profissionais que permanecem na emissora estão sendo perseguidos e assediados. O sindicato, percebendo o adoecimento dos trabalhadores, fez denúncias ao MPT, que abriu um inquérito.

“Se fizermos uma pesquisa de saúde entre os trabalhadores, constatamos que muitos estão à base de ansiolíticos, devido às pressões e recomendações de pautas que atendem a interesses privados”, alertou.

Imposição de pautas e desinformação

Durante a audiência, foram apresentados programas que elogiam o Partido Novo e a gestão de Zema, desviando a função das emissoras públicas para propaganda indevida. Sugestões de pautas vêm diretamente do governo estadual, com recomendações que favorecem o grupo político.

“A comissão editorial foi neutralizada, e reina um pensamento único, contribuindo para a desinformação do público”, afirmou Bueno.

Resposta da EMC

Os dirigentes da EMC, Luciano Correia Gonçalves e Gustavo Mendicino, presentes na audiência, negaram as acusações. Eles afirmaram que o número de terceirizados é de 89 em um total de 250 funcionários e que os colaboradores têm liberdade editorial.

Essas declarações foram recebidas com ironia por parlamentares e trabalhadores presentes na audiência.

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.

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