Jogos de azar online dificultam o acesso ao ensino superior de 34% dos jovens

Estudo indica que despesas com apostas dificultam o acesso ao ensino superior, principalmente no Nordeste e Sudeste.

09/07/2025 13:57

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Jogos de azar online dificultam o acesso ao ensino superior de 34% dos jovens
(Imagem de reprodução da internet).

Jovens brasileiros de 18 a 35 anos estão postergando a matrícula em cursos de graduação em razão dos gastos com jogos de azar online. A Abmes identificou que 34% dos jovens não iniciaram estudos superiores em 2025 devido às despesas com apostas online.

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Uma pesquisa intitulada “O impacto das Bets”, na sua 2ª edição, foi conduzida em colaboração com a Educa Insights, entrevistando 11.762 indivíduos com idade entre 20 e 24 de março deste ano. O estudo completo (PDF – 5 MB) está disponível.

No Nordeste, a porcentagem de jovens que desistiram de iniciar o curso superior devido às apostas é de 44%. No Sudeste, o índice é de 41%, superior à média nacional. Para 2026, a pesquisa aponta que 34% dos jovens necessitarão interromper os gastos com jogos de azar para ingressar no ensino superior.

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O problema impacta sobretudo as classes de menor renda. Entre jovens das classes D e E, com renda familiar média de R$ 1.000, 43% relatam que necessitam reduzir gastos com apostas online para conseguir cursar a universidade. Na classe A, com renda familiar média de R$ 26,8 mil, essa porcentagem diminui para 22%.

As apostas também afetam aqueles que já estão matriculados. A pesquisa indica que 14% dos estudantes universitários relataram ter atrasado o pagamento da mensalidade ou ter o curso suspenso devido a despesas com jogos de azar. No Nordeste, essa taxa eleva-se para 17%, enquanto no Sudeste permanece em 14%.

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As instituições de ensino superior estimam que mais de 986 mil estudantes em potencial podem deixar de ingressar nas universidades em razão do impacto da renda comprometida com jogos de azar. Essa estimativa baseia-se em dados da pesquisa corrente e informações do primeiro levantamento, publicado em setembro de 2024.

A pesquisa indica que 24% dos jovens interromperam o investimento em academias ou atividades físicas em razão do impacto financeiro das apostas. Adicionalmente, 28% relataram ter diminuído a frequência em restaurantes, bares ou encontros sociais para dedicar-se à navegação em sites de apostas.

O montante médio investido em apostas também cresceu. Em 2024, 30,8% dos respondentes relataram gastos superiores a R$ 350 em média com apostas. Em 2025, essa porcentagem elevou-se para 45,3%.

No Sudeste, 41% dos jovens relataram utilizar sites de apostas. No Nordeste, a porcentagem é de 40%, e no Centro-Oeste atinge 32%.

O estudo demonstra que as apostas online representam um impedimento suplementar para o acesso à educação superior no Brasil. É necessário analisar com seriedade essa situação e implementar políticas públicas que informem os jovens sobre as responsabilidades associadas à prática de apostar, segundo Paulo Chanan, diretor geral da Abmes.

Segundo Chanan, o fenômeno ainda é recente no Brasil, necessitando de amadurecimento e compreensão das responsabilidades envolvidas, tanto por parte do poder público quanto dos apostadores.

O Senado instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a influência das apostas online, seu impacto no orçamento dos brasileiros e na saúde mental. Na terça-feira (8.jul.2025), a Casa Alta adiou novamente a análise do projeto que visa legalizar jogos de azar (cassinos, jogo do bicho e bingos) no país.

Fonte por: Poder 360

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.