Jensen Huang prevê que Nvidia vai quebrar em 30 dias, revela-se paranoico
Jensen Huang demonstra paranoia e otimismo extremo em ‘A máquina que pensa’, antecipando o declínio de seu negócio e vislumbrando o potencial da IA.
A Ascensão de Jensen Huang: A Mente por Trás da Nvidia
Jensen Huang, fundador da gigante Nvidia, continua no centro das atenções, impulsionando a empresa que se tornou a mais valiosa do mundo. Atualmente, a Nvidia alcança uma avaliação de US$ 4,5 trilhões, e Huang ostenta uma fortuna superior a US$ 157 bilhões, figurando entre os oitavo maiores bilionários do planeta.
A busca por entender a trajetória do empresário levou o escritor americano Stephen Witt a realizar mais de uma centena de entrevistas, culminando no lançamento recente do livro “A Máquina que Pensa” pela Intrínseca. O matemático Witt mergulhou na história de Huang, desde sua infância em Taiwan, onde foi enviado aos 12 anos para um internato no interior dos Estados Unidos, um período marcado por bullying e que moldaram sua resiliência.
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Huang começou a trilhar seu caminho com disciplina e determinação. Malhando diariamente, tornando-se campeão escolar de tênis de mesa e mergulhando nos estudos, ele fundou a Nvidia em uma unidade da rede de fast food Denny’s, com marcas de balas na parede. Mesmo com os altos e baixos do negócio, ele permaneceu no comando por 31 anos, sendo o CEO mais longevo entre as maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
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A obra de Witt revela detalhes saborosos da carreira e da rotina do empresário. Huang, há mais de três décadas, acorda às 4h da manhã, com a mesma pergunta: “Tem algo específico que possa nos tirar do mercado hoje?”. Durante anos, suas apresentações começavam com o mantra “Nossa empresa está a trinta dias de fechar as portas”, mantendo a prática mesmo após o domínio de seus chips nos mercados de jogos e, posteriormente, de inteligência artificial.
Huang dedica as primeiras horas do dia a um projeto de longo prazo, considerado mais importante: “Acreditava que, se cuidasse logo disso, o dia não teria sido desperdiçado, não importava o que acontecesse”. O próximo grande projeto, revela o autor, pode ser uma rede neural, atualmente desenvolvida sob o codinome “Project Strawberry”.
Do Nerd ao Líder: Uma Gestão Inovadora
Seu estilo de gestão mudou pouco ao longo das décadas. A Nvidia sempre buscou mercados ainda inexistentes, com produtos inicialmente destinados a poucos aficionados: pesquisadores de ponta, gamers ou nerds de manual – o “mercado de zero bilhões de dólares”. Além disso, demandava a eficiência “na velocidade da luz”, ou seja, os funcionários deveriam encontrar o jeito mais rápido de executar um projeto, dentro dos limites de capacidade e tecnologia existentes.
Huang nunca foi um grande fã de delegar, nem de hierarquia rígida. “O alto escalão era essencialmente ele, sem diretor de operações, diretor de tecnologia, diretor de marketing nem um número dois definido”, diz Witt. Tinha mais de 30 pessoas respondendo diretamente para ele, e quando começava um novo projeto, sugeria que o executivo responsável imaginasse que os milhares de funcionários estivessem aglomerados no estacionamento da empresa e que ele pudesse escolher quem quisesse.
Uma Cultura de Trabalho Intensa
Sua intensa dedicação ao trabalho reservou pouco tempo para os hobbies. Huang gosta de carros de luxo, de uísques e de cozinhar numa chapa estilo teppan que instalou numa cozinha de ponta em sua mansão na Califórnia. Os filhos foram para o ramo do atendimento ao público, mas, após a pressão paterna, retornaram ao rebanho. Madison se formou como chef na França e trabalhou na LVMH de Paris, antes de ser contratada como estagiária de marketing pela Nvidia. Spencer fundou um “laboratório de coquetéis” em Taipei que chegou a ser um dos 50 melhores bares da Ásia. Em 2022, entrou na Nvidia na área de robótica. Aparentemente, não têm tratamento especial. “Eles criam apresentações. Participam de reuniões chatas e intermináveis. Comem na cantina”, contou um funcionário.
Parte importante da obra trata do medo de que a inteligência artificial adquira consciência e, num limite, ameace a humanidade. Huang é um duro crítico dessa visão. Para ele, os efeitos benéficos são semelhantes aos da agricultura, da eletricidade, da calculadora. “Reduzimos a zero o custo marginal das coisas, geração após geração, e essa mesmíssima conversa volta todas as vezes!”, gritou ao autor numa conversa.
Uma Visão Desafiadora
Em outra conversa, simplificou sua visão. “Veja bem, quando você compra um cachorro-quente, a máquina recomenda ketchup e mostarda. Isso é o fim da humanidade?”. Os chips que permitem essa recomendação fizeram a empresa de Huang a mais valiosa da história.
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.