Jeannette Jara e Gabriel Boric disputam Palácio de La Moneda no Chile
Jeannette Jara e Gabriel Boric se enfrentam na disputa pela presidência do Chile.
Chile: Uma Nação em Transformação e um Eleitorado em Busca de Direção
O Chile, historicamente, tem apresentado uma trajetória marcada por mudanças abruptas, como se o país saltasse constantemente entre extremos. A voz do povo, expressa nas ruas e nas redes sociais, reflete essa percepção, descrevendo o “roteirista do Chile” como cada vez mais criativo, indicando uma nação em constante evolução.
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A trama política e esportiva do país se entrelaçam, com o fim da trajetória vitoriosa da seleção de futebol, campeã das Copas Américas de 2015 e 2016, que culminou em uma lanterna nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Paralelamente, a crise social de 2019, nascida do desejo de derrubar a Constituição neoliberal imposta durante a ditadura de Augusto Pinochet, gerou dois processos constituintes frustrados (em 2022 e 2023) e culminou em uma eleição presidencial este ano, com três candidatos pinochetistas entre os quatro primeiros colocados nas pesquisas.
A Corrida à Presidência: Uma Luta por Ideologias
A disputa pela presidência se concentra em figuras com visões políticas distintas. Jeannette Jara, da Partido Comunista do Chile, representa a esquerda moderada, com uma trajetória que a torna identificável para uma parcela significativa do eleitorado feminino. Apesar de ser uma histórica militante comunista, seu estilo é mais moderado, buscando se distanciar de figuras históricas do partido, como o ex-prefeito de Recoleta, Daniel Jadue. Essa postura, por vezes criticada por setores mais radicais do partido, especialmente em relação a suas declarações sobre Cuba e Venezuela, cria um constrangimento que ela busca superar.
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O Legado do Passado e a Busca por Novas Direções
Jeannette Jara, comparada à ex-presidente Michelle Bachelet, busca capitalizar o legado da ex-mandatária, tanto pelo aspecto físico quanto pelo caráter conciliador e negociador. No entanto, o sociólogo Alexis Cortés, membro da Comissão de Especialistas que assessorou o segundo processo constituinte chileno, acredita que as chances da candidata governista se ampliaram devido ao fato de que o eleitorado comunista e o eleitorado de Jeannette não são necessariamente os mesmos, ela consegue obter votos em setores sociais que vão muito além do eleitorado histórico do PC.
A Influência dos “Alemães”
Curiosamente, os três principais candidatos que aparecem logo atrás nas pesquisas – José Antonio Kast, Evelyn Matthei e Johannes Kaiser – compartilham um fator em comum: todos são de origem alemã e possuem sobrenomes que remetem à tradição alemã. Essa característica, segundo o sociólogo Alexis Cortés, pode estar influenciando o cenário eleitoral, especialmente no primeiro turno.
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Conclusão: Um Eleitorado em Busca de um Futuro
A disputa eleitoral no Chile se apresenta como um momento crucial para o país, com um eleitorado em busca de um futuro que combine a memória do passado com a necessidade de novas direções. A trajetória de Jeannette Jara, com sua busca por conciliação e sua identificação com setores da sociedade civil, representa uma esperança para aqueles que anseiam por um Chile mais justo e igualitário. No entanto, o desafio para a candidata governista será romper com a bolha do setor progressista e conquistar o apoio de um eleitorado que, até então, não votou, em um país que terá sua primeira experiência de voto obrigatório desde o fim da ditadura.
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.












