JD Vance mantém postura diplomática em relação a Musk após comentário de Trump

O vice-presidente dos EUA participou de um podcast e respondeu a perguntas sobre a confusão entre o presidente e o bilionário.

07/06/2025 16:29

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JD Vance mantém postura diplomática em relação a Musk após comentário de Trump

O vice-presidente JD Vance franziu a testa ao ser exibido, em um registro de podcast, o comentário de Elon Musk que propunha o impeachment do presidente Donald Trump e a substituição de Vance.

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“Ah, meu Deus”, disse Vance, enquanto consumia uma bebida energética de sabor laranja com gás, sentado em frente ao comediante e podcaster Theo Von. “É sobre isso que estou falando.”

“E o que você está falando — de campanha?”, brincou Von.

Vance não cedeu à tentação, tampouco ousou fazer comentários sobre a possibilidade de disputar a presidência com Trump.

Vance comentou que “isso não ajuda em nada”, referindo-se a Musk, que transformou críticas à agenda de políticas internas de Trump em ataques pessoais agressivos – sendo esse comentário, em particular, um que visava colocar o presidente e Vance em posições opostas.

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“A política é um lugar onde as pessoas atacam umas às outras pelas costas. Você não consegue realizar nada, a menos que todos estejam no mesmo time e realmente comprometidos em fazer as coisas acontecerem juntos”, continuou Vance. “A ideia de que… o presidente deva sofrer impeachment — desculpe, isso é loucura.”

Musk intensificou a disputa na quinta-feira, e Vance foi obrigado a responder em tempo real enquanto gravava um podcast com Von em Nashville, no novo restaurante do cantor Kid Rock, aliado de Trump.

Vance foi apresentado, pela primeira vez, à publicação de Musk acusando Trump — sem provas — de estar nos “arquivos de Epstein”.

Vance respondeu: “Eu sequer tinha conhecimento dessa situação.”

“Provavelmente, quando for ao ar, as pessoas já saberão mais do que eu mesmo, porque isso aconteceu enquanto eu estava no avião vindo para cá”, declarou Vance durante a entrevista, divulgada na manhã do sábado (7).

Antes de ir a Nashville para gravar o podcast, o vice-presidente estava na Sala Oval, ao lado esquerdo de Trump, quando repórteres questionaram o presidente sobre as críticas de Elon Musk ao seu “grande e belo projeto de lei”.

Trump e Vance conversaram várias vezes na quinta-feira, e Trump instigou Vance a abordar o tema de Musk com diplomacia em declarações públicas.

Durante o podcast, Vance defendeu Trump das acusações relacionadas a Jeffrey Epstein, afirmando: “Absolutamente não. Donald Trump não fez nada de errado com Jeffrey Epstein.”

“Tudo o que os democratas e a mídia dizem sobre isso é completamente absurdo”, acrescentou Vance.

Contudo, desta vez a acusação não vinha dos democratas nem da mídia, sendo lançada por Elon Musk, antigo aliado próximo de Trump.

Contudo, Vance não confrontou Musk nem utilizou uma postura hostil em relação a Trump. Optou por manter a abordagem diplomática que o presidente sugeriu e explicitou suas prioridades. Na ocasião, Vance esperou que os dois homens pudessem se reconciliar, embora a publicação de Musk sobre Epstein gerasse questionamentos.

“Sou o vice-presidente do presidente Trump. Minha lealdade sempre será com o presidente, e acho que Elon é um empreendedor incrível”, disse Vance, adicionando: “Espero que, eventualmente, Elon volte para o nosso lado. Talvez isso não seja mais possível agora, porque ele ultrapassou os limites.”

Na sábado, Trump declarou à NBC News que não tem interesse em reparar seu relacionamento com Elon Musk.

O diretor executivo da Tesla removeu diversas publicações feitas na quinta-feira, incluindo a que mencionava Epstein e propunha o impeachment de Trump com a substituição por JD Vance, mas as críticas ao projeto de lei de Trump ainda estão presentes em sua conta na rede X.

JD Vance e Musk sempre mantiveram uma boa relação, mesmo antes de Vance ser indicado como vice na chapa de Trump. Uma fonte informou à CNN que os dois conversavam regularmente.

A CNN já havia noticiado anteriormente que Musk atuou na promoção de Vance como vice-presidente, em conjunto com aliados de direita como Donald Trump Jr., Steve Bannon e Tucker Carlson.

Vance elogiou Musk por seu esforço em combater “desperdício, fraude e abuso” por meio do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), mas o descreveu como alguém emocional e um empreendedor frustrado com a política.

Elon é novo na política, certo? Os negócios dele estão sendo atacados o tempo todo. Estão literalmente incendiando alguns dos carros dele, disse Vance, referindo-se a atos de vandalismo contra veículos e instalações da Tesla. “Acho que parte disso é que ele entrou na política e tem sofrido muito por isso.”

“Compreendo a frustração”, continuou Vance. “É um bom projeto de lei. Não é perfeito, como tudo em Washington. Se você é um líder empresarial, provavelmente vai se frustrar com o processo, porque é mais burocrático, mais lento.”

“Na realidade, parece um grande erro que ele atacasse o presidente dessa maneira”, concluiu Vance. “Se ele e o presidente entrarem em uma guerra pessoal, o mais importante é que isso vai ser ruim para o país, mas também acho que não será bom para Elon.”

Vance indicou que já existia um certo enfraquecimento no relacionamento entre Trump e Musk, inclusive antes da divulgação pública na quinta-feira, devido às críticas de Musk à proposta de lei.

Não desejo revelar muitos detalhes em confidencialidade, mas [Trump] já estava um pouco frustrado, sentindo que algumas das críticas eram injustas vindas de Elon. Acredito que ele tem sido muito contido, pois o presidente não acredita que precise entrar em uma guerra aberta com Elon Musk. E, na verdade, penso que, se Elon se acalmasse um pouco, tudo ficaria bem, afirmou Vance.

Apesar de ter admitido que Elon possui o direito de expressar sua opinião, Vance alertou sobre os riscos de confrontar Trump.

“Essa guerra é realmente do interesse do país? Eu acho que não.” afirmou. “Então, espero que o Elon reflita e volte para o grupo.”

Fonte por: CNN Brasil

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.