Jair Bolsonaro passa por procedimentos para controlar soluços persistentes, com bloqueio do nervo frênico em Brasília. Entenda os detalhes dessa intervenção!
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi submetido a dois procedimentos de bloqueio do nervo frênico em menos de uma semana, com o objetivo de controlar crises persistentes de soluço. Esse nervo é responsável por transmitir os comandos do cérebro ao diafragma, que é o principal músculo da respiração.
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As intervenções ocorreram durante a internação que começou na véspera de Natal, em 24 de dezembro, após a transferência de Bolsonaro da Superintendência da Polícia Federal para o Hospital DF Star, em Brasília. No sábado (27), foi realizado o bloqueio do lado direito, e na segunda-feira (29), o do lado esquerdo.
O radiologista intervencionista Bernard Giancristoforo, da Rede D’oR no Rio de Janeiro, explica que o nervo frênico desempenha um papel crucial na respiração, controlando o diafragma e participando dos reflexos que causam o soluço. O diafragma separa a cavidade torácica da abdominal e é fundamental no ciclo respiratório.
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Quando inspiramos, o diafragma se contrai, aumentando a cavidade torácica e facilitando a respiração. O soluço é um reflexo que pode ser desencadeado por diversos estímulos que chegam ao cérebro, que então envia um comando para a contração do diafragma em espasmos rápidos.
Giancristoforo destaca que, quando o soluço não responde a medicamentos, pode ser necessário realizar uma intervenção no nervo. O bloqueio percutâneo, um tratamento não cirúrgico, é realizado por radiologia intervencionista, utilizando métodos de imagem como ultrassonografia e tomografia.
Durante o procedimento, uma agulha fina é posicionada junto ao nervo, e um anestésico local é injetado, podendo ser associado a corticoides para interromper temporariamente a condução do sinal. Geralmente, esses procedimentos são feitos sob sedação e anestesia local.
O coloproctologista Danilo Munhóz explica que, em casos persistentes, há uma irritação contínua do circuito reflexo, levando o diafragma a contrações involuntárias. O bloqueio do nervo frênico é realizado com uma agulha, semelhante a um bloqueio anestésico, e não envolve a retirada ou queima do nervo, mas sim um bloqueio químico temporário.
O neurocirurgião Pedro Henrique Cunha, do Hospital Samaritano, afirma que o bloqueio visa silenciar temporariamente a condução do estímulo que provoca os soluços refratários. O procedimento é guiado por imagem e envolve a aplicação de anestésico local ao redor do nervo, sendo feito de forma sequencial para evitar comprometimento respiratório.
Os especialistas alertam que o principal risco do procedimento é a alteração da mecânica respiratória, podendo causar sensação de falta de ar, especialmente em pacientes com doenças pulmonares ou menor reserva respiratória. Outros riscos incluem dor no local da punção, hematoma e infecção.
Durante a internação, a família de Bolsonaro informou que ele apresentou sintomas de apneia do sono e iniciou tratamento para a condição. A equipe médica continua a monitorar sua evolução clínica e respiratória após os procedimentos realizados.
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.