“As ações de Israel consistentemente beneficiam o intrincado complexo industrial-militar dos Estados Unidos”, afirma o cientista político.
Por Rodrigo Vinícius Lima
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Nas arenas da política internacional, as alianças raramente são gratuitas. Frequentemente, o discurso da liberdade e da democracia é apenas a maquiagem de interesses geopolíticos muito mais profundos. É nesse cenário que se insere a peculiar e duradoura relação entre os Estados Unidos e o Estado de Israel. Ironia (ou não), Israel parece funcionar como uma espécie de “fantoche” a serviço dos interesses ocidentais no tumultuado tabuleiro do Oriente Médio.
A mais recente ofensiva militar contra o Irã, liderada por Israel e rapidamente apoiada pelos Estados Unidos, evidencia de forma evidente uma realidade frequentemente escondida por discursos diplomáticos e justificativas morais: Israel atua, na prática, como um instrumento, ou seja, um fantoche, dos interesses ocidentais no Oriente Médio. O termo é forte e intencionalmente irônico, mas serve para mostrar como a soberania israelense está intrinsecamente ligada aos objetivos geopolíticos dos Estados Unidos.
A operação militar em questão, cuja justificativa foi a destruição das instalações nucleares iranianas, não é um caso isolado. Ela se insere em uma longa tradição de intervenções indiretas do Ocidente na região, nas quais Israel atua como o executor inicial, abrindo caminho para a legitimação e o aprofundamento das ações bélicas pelas potências ocidentais, principalmente os EUA.
A estratégia é quase previsível: Israel ataca, os Estados Unidos apoiam e o mundo observa, perplexo, a repetição de um movimento cuidadosamente planejado – e em seguida, aplaudido pelo chanceler alemão Friedrich Merz, que afirmou que “esta é a tarefa suja que Israel está realizando por todos nós”. Um completo absurdo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A explicação, mais uma vez, foi a suposta ameaça que o Irã representa ao equilíbrio regional e à segurança de Israel. No entanto, o que se observa é um esforço contínuo para enfraquecer qualquer potência no Oriente Médio que se recuse a alinhar-se ao eixo geopolítico norte-americano.
Israel, ao ocupar uma posição de liderança nesse processo, assegura sua posição estratégica de destaque como aliado, enquanto os Estados Unidos utilizam sua aliança com Tel Aviv para agir em nome de terceiros, evitando o custo político de uma intervenção direta e buscando tempo para construir apoio internacional sob o argumento da “segurança global”.
Essa conduta expõe um padrão alarmante: os interesses de paz, autodesenvolvimento e soberania dos povos da região são sistematicamente ignorados por uma estratégia de domínio geopolítico. A alegada luta contra o terrorismo ou contra a disseminação nuclear serve apenas como justificativa para manter o Oriente Médio em um estado de tensão contínua, visando legitimar a presença militar e a intervenção política do Ocidente.
Israel, nesta dinâmica, é o elemento que se desloca com maior autonomia, ainda assim, sem que antes haja a autorização de Washington.
quem detém um protetor militarizado a seu favor, estabelece as normas.
A ação recente contra o Irã é mais do que um incidente militar: representa a confirmação de um modelo internacional onde a soberania de alguns países é constantemente infringida, enquanto outros utilizam discursos civilizados para justificar a violência. Israel, o “bicho de pelúcia” do Ocidente, não age isoladamente, mas sua atuação demonstra, com crescente clareza, os interesses reais que impulsionam as guerras no Oriente Médio.
Rodrigo Vinícius Lima é historiador, professor e cientista político.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.