Israel intensifica ataques contra a cidade de Gaza

Os palestinos, sob pressão por causa dos ataques, buscam deixar outras áreas do território.

18/09/2025 11:58

5 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Tanques e aeronaves de combate israelenses continuaram com os ataques nesta quinta-feira, 18, contra a cidade de Gaza, forçando os moradores a se deslocarem para o sul do território palestino, área marcada por quase dois anos de conflito.

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Israel lançou na terça-feira uma extensa operação terrestre e aérrea contra a cidade mais extensa da Faixa de Gaza, buscando “erradicar” o grupo islamista Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro de 2023 contra o território israelense, que deu origem ao conflito.

O conflito entre Israel e o Hamas gerou uma crise humanitária e destruiu o frágil país.

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Uma corrente contínua de palestinos que abandonam a cidade de Gaza seguia em direção ao sul do território, a pé ou em carroças puxadas por burros, transportando seus escassos bens.

Outros, como Aya Ahmed, de 32 anos, não sabem para onde seguir, ou não dispõem das condições financeiras necessárias para arcar com os altos custos de transporte.

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“O mundo não compreende a situação. Eles (Israel) querem que nos movamos para o sul, mas não sabemos onde viver. Não temos abrigos, meios de transporte ou recursos financeiros”, declarou Ahmed, que se encontra como refugiado junto com 13 familiares na cidade, sob “bombardeios contínuos”.

Os palestinos relatam que o custo da viagem para o sul aumentou significativamente, atingindo, em certos casos, mais de 1.000 dólares.

As forças israelenses anunciaram a permissão de tráfego temporário na rodovia Salah al Din, que percorre o centro da Faixa de norte a sul.

O corredor continuará aberto até sexta-feira, às 6h00 de Brasília.

De acordo com estimativas da ONU, cerca de um milhão de pessoas residiam no final de agosto na cidade de Gaza e em suas áreas circundantes.

Genocídio em Gaza

A invasão militar e as ordens de evacuação no norte de Gaza estão gerando novos deslocamentos, forçando famílias traumatizadas a procurar abrigo em uma área cada vez menor e insuficiente para garantir a dignidade humana, conforme denunciou na rede social X o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Os hospitais, com a capacidade já comprometida, correm o risco de colapsar, uma vez que a escalada da violência obstrui o acesso e impede a Organização Mundial da Saúde de fornecer suprimentos essenciais, declarou.

De acordo com informações de unidades hospitalares, três crianças são contabilizadas entre as 12 vítimas fatais dos ataques a bomba ocorridos na noite de quarta-feira.

A Defesa Civil local, que atua sob a direção do Hamas, comunicou que um total de 64 indivíduos perderam a vida, sendo 41 vítimas na cidade de Gaza.

As restrições à imprensa em Gaza e as dificuldades de acesso impedem que a AFP verifique de forma independente os números divulgados pelas duas partes.

A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU declarou na terça-feira que “está ocorrendo um genocídio em Gaza”.

Israel rejeitou categoricamente o relatório tendencioso e mentiroso.

A Espanha informou que investigará as “graves violações” dos direitos humanos em Gaza para colaborar com o Tribunal Penal Internacional, que decretou mandados de prisão contra autoridades israelenses sob suspeita de crimes de guerra.

Desespero

“Chega, queremos ser livres. Queremos viver, não queremos morrer!”, declarou, em desespero, Mohamed al Danf, residente da Cidade de Gaza.

A ofensiva israelense na cidade de Gaza recebeu forte condenação internacional, e também em Israel, onde muitos cidadãos expressam preocupação com os reféns sequestrados em outubro de 2023 pelo Hamas.

Familiares de sequestrados manifestaram-se na quarta-feira em frente à residência do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, em oposição à operação.

“Meu filho está morrendo. Em vez de trazê-lo de volta, você está fazendo exatamente o oposto: tem feito de tudo para impedir seu retorno”, declarou, referindo-se a Netanyahu, Ofir Braslavski, cujo filho Rom permanece em cativeiro em Gaza.

Em outubro de 2023, combatentes islamistas assassinaram 1.219 indivíduos em Israel, sendo a maioria civis, conforme apurado por uma contagem da AFP com base em fontes oficiais.

De um total de 251 reféns sequestrados, 47 ainda se encontram em cativeiro em Gaza, sendo 25 delas oficialmente confirmadas como falecidas pelo Exército israelense.

A ofensiva israelense de retaliação ceifou mais de 65.100 vidas palestinas em Gaza, na sua maioria civis, conforme informações do Ministério da Saúde do território, que a ONU avalia como confiáveis.

Fonte por: Carta Capital

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.