Israel critica o Brasil por aderir ao processo de genocídio: “Fracasso moral”
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota na quarta-feira (23) informando que o governo brasileiro está em fase final de submissão de pedido de…

O Israel manifestou críticas ao Brasil em razão de sua decisão de participar de um processo no principal tribunal da ONU, que imputa ao Estado israelense a responsabilidade pela prática de genocídio em Gaza.
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A decisão do Brasil de se juntar à ofensiva legal contra Israel na Corte Internacional de Justiça [CIJ] enquanto se retira da Aliança Internacional de Memória do Holocausto [IHRA] representa uma profunda falha moral, segundo comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores israelense.
Adicionar, em um momento em que Israel luta por sua própria existência, o ato de se voltar contra o Estado judeu e desconsiderar o consenso global contra o antissemitismo é ao mesmo tempo irresponsável e vergonhoso, conforme a nota.
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O Ministério das Relações Exteriores divulgou, na quarta-feira (23), comunicado informando que o governo brasileiro se encontra em estágio avançado para apresentar pedido de intervenção formal no processo em curso na Corte Internacional de Justiça, originado pela África do Sul com base na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.
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A decisão fundamenta-se no dever dos Estados de cumprir com suas obrigações de Direito Internacional e Direito Internacional Humanitário, considerando a plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados, conforme conclusão da Corte Internacional de Justiça, em medidas cautelares anunciadas em 2024.
Na semana passada, o chanceler brasileiro Mauro Vieira já havia afirmado, em entrevista à Al Jazeera, que o Brasil irá aderir em breve ao processo aberto pela África do Sul.
O Itamaraty está trabalhando no processo de adesão e terá essa boa notícia em muito pouco tempo.
Sobre o período que o Brasil demorou para se juntar ao processo, Vieira afirmou que o país realizou um “enorme esforço” para tentar promover negociações visando encerrar o conflito.
Contudo, em razão dos recentes acontecimentos desta guerra, a diplomacia brasileira decidiu unir-se à África do Sul no principal órgão judicial da ONU (Organização das Nações Unidas).
Em dezembro de 2023, o governo sul-africano iniciou um processo na CIJ para instaurar procedimentos sobre acusações de genocídio contra Israel relacionadas à guerra contra o Hamas em Gaza.
A África do Sul acusa Israel de estar em violação de suas obrigações sob a Convenção do Genocídio, argumentando que “atos e omissões de Israel [… ] são de caráter genocida, pois são cometidos com a intenção específica necessária [… ] de destruir os palestinos em Gaza”, conforme a ação.
Israel recusou as alegações e o pedido da África do Sul ao tribunal internacional, informando por meio do seu Ministério das Relações Exteriores que a África do Sul está solicitando a destruição do Estado de Israel e que sua alegação não possui fundamento factual ou jurídico.
Espera-se que o Brasil participe do processo através da intervenção em favor da África do Sul.
Um Estado pode solicitar a intervenção da Corte Internacional de Justiça e, dessa forma, participar de um caso envolvendo outros Estados, caso considere que possui um interesse de natureza jurídica que pode ser impactado pela decisão do Tribunal naquela situação.
A CIJ adiciona que o Artigo 63 confere aos Estados que não são partes em uma controvérsia o direito de intervir em um caso quando este se refere à interpretação de uma convenção da qual também são partes; a interpretação das partes relevantes dessa convenção dada pelo Tribunal em sua decisão no caso será igualmente vinculativa para esses Estados.
Colômbia, Líbia, México, Palestina, Espanha, Turquia, Chile, Maldivas, Bolívia, Irlanda, Cuba e Belize apresentaram pedido para intervir neste caso entre África do Sul e Israel.
O conflito em Gaza persiste, envolvendo Israel e a Faixa de Gaza.
Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, o Ministério da Saúde de Gaza comunicou que pelo menos 58.026 palestinos perderam a vida e 138.520 ficaram feridos. Essa contagem engloba mais de 7.200 mortes desde o término do cessar-fogo em 18 de março deste ano.
O Ministério não diferencia entre civis e combatentes do Hamas em sua contagem, porém relata que mais de metade dos falecidos são mulheres e crianças. Israel afirma que pelo menos 20 mil são combatentes.
A Organização das Nações Unidas comunicou, em 11 de julho, que 798 indivíduos perderam a vida enquanto tentavam conseguir alimentos, a partir do final de maio, data em que a GHF (Fundação Humanitária de Gaza), com sede nos Estados Unidos, iniciou a distribuição de alimentos. Desses óbitos, 615 foram registrados próximos a áreas da GHF e 183 nas vias de corredores humanitários, notadamente da ONU.
O Órgão Central de Estatísticas da Palestina anunciou, em 10 de julho, que a população de Gaza havia diminuído de 2.226.544 em 2023 para 2.129.724. A estimativa indica que aproximadamente 100 mil palestinos deixaram a Faixa de Gaza desde o início do conflito.
Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, de acordo com fontes oficiais israelenses, cerca de 1.650 israelenses e estrangeiros perderam a vida em razão do conflito.
Inclui 1.200 mortos em 7 de outubro e 446 soldados mortos em Gaza ou na fronteira com Israel desde o início da operação terrestre em outubro de 2023. Desses, 37 soldados foram mortos e 197 feridos desde o aumento dos confrontos em março. Estima-se que 50 israelenses e estrangeiros permaneçam reféns em Gaza, incluindo 28 reféns que foram declarados mortos e cujos corpos estão sendo mantidos.
Desde 18 de março deste ano, o Exército de Defesa Israelense divulgou 54 ordens de evacuação, que cobrem aproximadamente 81% da área da Faixa de Gaza.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU declarou que isso resultou no deslocamento de mais de 700 mil indivíduos nesse período.
Em 9 de julho, 86% da Faixa de Gaza encontravam-se em áreas militarizadas israelenses ou sob ordens de deslocamento. Diversas pessoas procuravam abrigo em locais de deslocamento superlotados, abrigos improvisados, edifícios e vias danificadas.
Publicado por Léo Lopes. Com informações da Reuters.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.