Após o pedido de 25 países para o encerramento do conflito, a França solicitou o acesso da mídia à área.
Israel lançou diversos ataques em Gaza na terça-feira 22, ampliando suas operações militares contra o Hamas, mesmo com repetidos pedidos internacionais para cessar a guerra e o sofrimento da população civil.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A Organização Mundial da Saúde manifestou sua preocupação com os ataques israelenses a múltiplas instalações no centro de Gaza, onde Israel anunciou a expansão de suas operações em torno de Deir el-Balah, abrangendo uma área que não havia sido alvo de ataques anteriormente.
A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, declarou nesta terça-feira que “assassinar civis que buscam ajuda em Gaza é inaceitável”.
Conversei mais uma vez com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, para revisar nossa perspectiva sobre o fluxo de ajuda e deixei claro que o Exército israelense deve cessar o assassinato de pessoas nos pontos de distribuição, enfatizou Kallas na rede X.
Ninguém com o mínimo de dignidade humana pode aceitar tamanha crueldade. Dezenas de inocentes morrem diariamente porque não conseguem encontrar um pedaço de pão ou um copo de água, afirmou o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Na terça-feira, a Defesa Civil informou que ataques israelenses ceifaram a vida de 15 indivíduos, 13 deles no campo de Al Shati, ao norte de Gaza, onde residem milhares de deslocados.
Raed Bakr, de 30 anos, pai de três filhos, relatou à AFP uma “grande explosão” que destruiu sua barraca durante a noite.
Chamava estar em um pesadelo. Chamas, poeira, fumaça e fragmentos humanos pairavam no ar, com ruínas por toda parte. As crianças gritavam, relatou Bakr, cujo cônjuge faleceu no conflito no ano anterior.
Muhannad Thabet, de 33 anos, declarou ter passado por “uma noite de terror” no campo, com “ataques aéreos e explosões constantes”. Ele relatou que levou um menino de seis anos ao hospital Al Shifa, que estava com muitos feridos.
Após um pedido israelense para a evacuação da área de Deir el-Balah, no sul, famílias inteiras iniciaram o deslocamento com seus bens em mãos ou em carroças puxadas por burros.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), cerca de 50 mil a 80 mil indivíduos se encontravam na área naquele momento, e quase 88% de Gaza estavam sob ordem de evacuação israelense ou incluídos em uma zona militarizada israelense.
O patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, declarou nesta terça-feira que a situação humanitária na Faixa de Gaza é “moralmente inaceitável” após visitar o território palestino.
Na segunda-feira, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que tropas israelenses haviam invadido o domicílio dos funcionários da agência da ONU na área de Deir el-Balah.
Os soldados obrigaram mulheres e crianças a abandonarem as instalações a pé, enquanto “funcionários do sexo masculino e seus familiares foram algemados, despidos, interrogados e mantidos sob a mira de armas”, declarou Tedros, denunciando também o ataque ao principal depósito da OMS em Deir el-Balah.
O sofrimento da população civil em Gaza alcançou patamares elevados, afirmaram 25 países, entre eles França, Espanha, Reino Unido, Canadá e Austrália, na segunda-feira, ao criticar a recusa de Israel em “assegurar assistência humanitária essencial à população”.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saâar, censurou o apelo e ressaltou que o respaldo do Hamas à declaração indicava que os firmantes se equivocavam.
O ministro das Relações Exteriores francês também foi entrevistado pela rádio pública France Inter em relação à situação de diversos funcionários da AFP que atuam em Gaza.
O ministro Jean-Noël Barrot afirmou que a expectativa é de que alguns jornalistas sejam retirados nas próximas semanas, após uma pergunta sobre diversos colaboradores da AFP em Gaza, que, segundo a direção da agência, enfrentam uma situação terrível.
A Agência das Nações Unidas para Refugiados da Palestina (UNRWA) manifestou também preocupação na segunda-feira com o aumento da desnutrição no território.
Solicitou que abandonassem o bloqueio e possibilitassem a chegada de assistência humanitária.
A guerra se iniciou em 7 de outubro de 2023, com combatentes do Hamas realizando um ataque surpresa à região sul de Israel, resultando na morte de 1.219 indivíduos, em sua maioria civis, conforme apurado por uma contagem da AFP com base em informações oficiais.
De um total de 251 sequestrados, 49 ainda permanecem reféns em Gaza, sendo 27 deles considerados mortos, de acordo com o Exército israelense.
Israel ameaçou erradicar o Hamas e, em resposta, iniciou uma operação que resultou na morte de pelo menos 59.029 indivíduos, na sua grande maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, avaliados como confiáveis pela ONU.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.