Israel ataca área da Síria contestada após anúncio de acordo de paz entre drusos e beduínos

As forças israelenses entraram em Suwayda nesta terça-feira (15), afirmando que buscavam restabelecer a segurança no país após dois dias de combates, qu…

15/07/2025 11:31

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Israel ataca área da Síria contestada após anúncio de acordo de paz entre drusos e beduínos
(Imagem de reprodução da internet).

Aviões israelenses bombardearam Suied, cidade síria de maioria drusa no sul do país, onde tropas do governo central entraram para pôr fim a confrontos intercomunitários mortais. Forças do governo entraram na cidade pela manhã desta terça-feira (15), alegando que queriam restaurar a estabilidade após dois dias de confrontos entre combatentes drusos e beduínos, que deixaram 100 mortos. Sua entrada desencadeou confrontos com combatentes drusos, e a agência de notícias oficial síria Sana relatou posteriormente ataques aéreos israelenses na cidade, controlada por forças drusas.

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A violência ilustra os desafios enfrentados pelo governo interino de Ahmad al-Chareh desde que ele e uma coalizão de grupos rebeldes sunitas derrubaram o presidente Bashar al-Assad em dezembro, em um país marcado por quase 14 anos de guerra civil. “O Exército israelense começou recentemente a atacar veículos militares pertencentes à força do regime sírio em Sweida”, anunciou um comunicado militar israelense.

Estamos atuando para evitar que o regime sírio os prejudique (os drusos) e para assegurar a desmilitarização da área adjacente à nossa fronteira com a Síria, afirmaram o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Israel Katz, em comunicado conjunto.

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A província de Sweida abriga a maior comunidade drusa do país, uma minoria esotérica descendente do islamismo, com aproximadamente 700 mil pessoas na Síria antes da guerra civil, e também está presente no Líbano e em Israel.

Disparos

As autoridades sírias anunciaram um “cessar-fogo total” nesta terça-feira, após dois dias de combates intensos. Contudo, a situação permaneceu incerta. “Continuamos ouvindo tiros. Um dos meus amigos da zona oeste da cidade me contou que indivíduos desconhecidos entraram em sua casa, expulsaram seus familiares após confiscarem seus celulares e incendiaram a casa”, declarou um morador de Sweida, no centro da cidade, em delação.

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A Síria, que se encontra tecnicamente em guerra com Israel, não manifestou-se imediatamente sobre os ataques. “Anunciamos um cessar-fogo total, após um acordo com os líderes da cidade”, declarou o ministro da Defesa sírio, Mourhaf Abou Qasra, em sua conta no X.

Os confrontos de terça-feira ocorreram em meio a apelos divergentes de líderes religiosos drusos, com a maioria pedindo aos combatentes locais que abandonassem suas armas, mas um deles os incentivou a lutar.

As autoridades já haviam decretado toque de recolher na cidade e solicitado que os moradores “ficassem em casa e denunciassem qualquer atividade ilegal”, mencionando os grupos drusos.

Os confrontos surgiram no domingo entre combatentes drusos e tribos beduínas, cujas relações são marcadas por tensões há décadas. As forças governamentais intervieram, buscando pacificar a região, mas participaram dos combates contra facções drusas ao lado dos beduínos, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), testemunhas e grupos drusos.

De acordo com o OSDH, os conflitos resultaram em 99 mortos, incluindo 60 drusos, a maioria combatentes, além de duas mulheres e duas crianças, 18 beduínos, 14 membros das forças de segurança e sete homens armados não identificados. O Ministério da Defesa informou 18 mortes entre as forças armadas. Na segunda-feira, Israel anunciou que havia atacado vários tanques do governo e afirmou que não permitiria qualquer presença militar no sul da Síria.

Clara oferece um aviso

As autoridades governamentais enviaram reforços significativos para a região na segunda-feira e tomaram o controle de várias cidades drusas nos arredores de Sweida, de acordo com um repórter da AFP. A tensão escalou desde os confrontos inter-religiosos em abril entre combatentes drusos e forças de segurança em áreas drusas perto de Damasco e em Sweida, que resultaram em mais de 100 mortos. Desde a queda de Bashar al-Assad, a violência letal contra a comunidade alauítica, da qual Assad descende, e posteriormente contra os drusos, além de um ataque a uma igreja em Damasco em junho, minou a confiança na capacidade do novo governo de proteger as minorias.

Com informações da AFP.

Fonte por: Jovem Pan

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.