Israel aceita cessar-fogo com sírios após ataques

O governo de Ahmed al-Sharaa renunciou devido à pressão de drusos e israelenses, juntamente com bombardeios aéreos intensos; pelo menos 160 pessoas fale…

16/07/2025 21:47

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Israel aceita cessar-fogo com sírios após ataques
(Imagem de reprodução da internet).

A comunidade drusa de Israel – que representa aproximadamente 2% da população – exigiu que o governo de Benjamin Netanyahu (Likud, direita) intervinha militarmente na Síria em resposta a ataques de milícias associadas ao presidente Ahmed al-Sharaa contra drusas sírios. Os ataques foram registrados na província de Sweida.

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Após uma série de ataques aéreos israelenses contra prédios do governo sírio – incluindo o Ministério da Defesa e o quartel-general do Exército – o regime do presidente Ahmed al-Sharaa, ex-integrante da Al Qaeda, iniciou na noite de 4ª feira (16.jul.2025) a retirada de suas tropas da província de Sweida, no sul da Síria. A região, de maioria drusa, foi palco de 5 dias de confrontos intensos. A decisão foi tomada após pressão da comunidade drusa israelense, que exigia uma resposta militar de Tel Aviv contra o governo sírio em relação aos seus correligionários.

A saída ocorreu como parte de um acordo de trégua estabelecido entre o governo e líderes relevantes da comunidade drusa síria. O pacto foi anunciado por Yusuf Jerboua, notável líder religioso druso na Síria.

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O cessar-fogo foi estabelecido pelos sírios com chefes drusos locais. De acordo com o entendimento, as tropas do governo islâmico recuam das zonas de conflito, restando apenas uma presença policial, que será conduzida pela comunidade. A segurança interna passa a ser responsabilidade das próprias forças drusas da região.

Ainda não ficou claro se o cessar-fogo terá continuidade. Na terça-feira (15.jul), foi anunciado um alto do fogo em áreas locais pela Síria. Como não foi cumprido, sírios em Israel passaram a exigir uma ação do país contra o que consideraram um massacre por forças beduínas e militares do país. Foram mortos pelo menos 160 sírios nos últimos dias, de acordo com a mídia local.

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Os drusos são uma minoria religiosa predominante na Síria, no Líbano e em Israel. Originários há cerca de mil anos como uma dissidência do islamismo, do qual se distanciaram progressivamente. Mantêm uma relação conflituosa – frequentemente hostil – com grupos islamitas radicais, que os consideram infiéis.

Pressão interna.

Nas comunidades não judaicas de Israel, os drusos destacam-se pela sua integração à sociedade. São, juntamente com os judeus, o único grupo submetido ao serviço militar obrigatório – uma exigência que não se aplica a cristãos e muçulmanos.

Existem duas principais áreas onde os drusos residem no país:

Em Isfiya, drusos interromperam o funcionamento do comércio em manifestação para exigir que o governo israelense intervenha. Na região montanhosa da Galiléia, aproximadamente 1.000 drusos cruzaram a fronteira com a Síria, alegando fornecer assistência a membros da sua fé que estavam sofrendo ataques.

As Forças de Defesa de Israel iniciaram ações. Os ataques começaram nesta quarta-feira. A reportagem do Poder360 estava na Galileia quando mísseis israelenses atravessaram o céu em direção ao sul da Síria. O som forte dominou a região e assustou a população local.

Yoram Asraf, 60 anos, residente na Galileia, relata que os ruídos de aeronaves e explosões se tornaram infrequentes na região desde o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. “Durante o conflito, eram mísseis e disparos o tempo todo”, afirmou. Ele reside a menos de 1 quilômetro da fronteira com o Líbano.

Ataques

Reda Mansour, de 60 anos, foi ex-embaixador de Israel no Brasil (2014-2016) e membro da comunidade drusa. Ele afirmou que os ataques do regime sírio visavam pressionar os drusos locais a aceitarem a presença de tropas do governo em Sweida – onde reside a maior concentração drusa da Síria. Atualmente, a comunidade drusa síria goza de alguma autonomia em relação ao governo central.

A notícia oficial é que houve ataques de beduínos do sul aos drusos. Sabemos que é uma tática antiga dos chefes locais. Bashar Al Assad [ex-presidente] utilizou a mesma fórmula. Quando desejam que os drusos se aproximem, enviam os beduínos atacar e dali entram como supostos pacificadores. Eles [beduínos] estão a serviço do governo.

Os drusos, em suas explicações, não almejam autonomia territorial nem independência política. “Nossa cultura não busca a criação de um Estado. Sabemos que somos um grupo pequeno – entre 1% e 5% da população, no máximo – e que isso não vai mudar. A demografia sempre será um desafio”, declarou.

A religião drusa não admite conversões. Somente nascidos na fé são admitidos na comunidade. Casamentos com pessoas de fora do grupo também não são aceitos. Estima-se que existam cerca de 1,5 milhão de drusos.

Ele argumentou que essa atitude patriótica, de maneira inesperada, também contribuiu para aumentar a hostilidade entre os drusos sírios e o Estado de Israel. “No entanto, isso pode se alterar conforme eles compreendam o que Israel tem feito em defesa da comunidade drusa”, concluiu.

Para Mansour, a mensagem dos bombardeios israelenses foi evidente: “Israel atacou o ministério de defesa para transmitir que Israel tem interesse estratégico nos sírios”.

Os sequestros geram medo e apreensão, impactando severamente as vítimas e seus familiares.

A madrugada de quinta-feira também foi marcada por crescentes tensões em Israel, com a informação de que combatentes drusos haviam atravessado a fronteira para auxiliar seus correligionários. O movimento reacendeu temores de ocorrências como os sequestros praticados pelo Hamas. Atualmente, há 50 israelenses sequestrados sob o controle do Hamas, em Gaza.

Sarit Zehavi, presidente do Alma Center –instituto especializado em conflitos na fronteira com o Líbano e a Síria–, expressava preocupação de que o país abrisse uma nova frente de batalha, considerando que um cessar-fogo em Gaza parece estar próximo. “E não podemos esquecer que muitos drusos na Síria e no Líbano apoiaram o Hezbollah contra Israel”, afirmou.

Em resposta à situação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu proferiu um discurso, instando os drusos israelenses a retornarem ao país. Adicionalmente, declarou que as IDF (Forças de Defesa de Israel) assumiriam a proteção da comunidade drusa na Síria.

Fonte por: Poder 360

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.