Irã se encontra com nações europeias para abordar seu programa nuclear

País corre risco de ter sanções da ONU reativadas se negociações não avançarem.

26/08/2025 11:49

5 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

O Irã deverá encarar a retomada das sanções da ONU em breve, a menos que volte a negociar o futuro de seu programa nuclear e autorize inspeções internacionais em suas instalações.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A retomada das sanções, que ficaram suspensas há uma década por meio de um acordo nuclear histórico, poderá iniciar no final do mês se uma reunião na terça-feira (26) entre o Irã e três nações europeias não apresentar avanços.

França, Alemanha e Reino Unido comunicaram à Organização das Nações Unidas que tomarão medidas para restabelecer sanções por meio do mecanismo denominado “snapback” caso o Irã persista em infringir suas obrigações sob o acordo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O boné snapback foi incluído no acordo nuclear de 2015 entre o Irã, Estados Unidos e países europeus. Nesse pacto, o Irã obteve o relaxamento das sanções em troca de restrições rigorosas e verificáveis em seu programa nuclear.

Após o então presidente dos EUA, Donald Trump, se retirar do acordo, denominado JCPOA, durante seu primeiro mandato, o Irã acelerou o enriquecimento de urânio próximo ao nível de armas.

Leia também:

Os ministros das Relações Exteriores dos três países europeus, conhecidos como E3, em uma carta ao Conselho de Segurança da ONU na semana passada, declararam que o Irã violou “praticamente a totalidade de seus compromissos do JCPOA”.

Caso o Irã não esteja disposto a alcançar uma solução diplomática até o final de agosto de 2025, ou não aproveitar a oportunidade de uma extensão, a E3 está preparada para acionar o mecanismo snapback.

O Irã interrompeu as negociações nucleares com os EUA, após os EUA e Israel terem realizado ataques às suas instalações nucleares durante uma guerra de 12 dias em junho.

Desde então, os inspetores da agência nuclear da ONU, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), não obtiveram acesso às instalações nucleares do Irã.

O snapback reativa automaticamente todas as multas do Conselho de Segurança da ONU que foram suspensas sob o acordo de 2015. Essas multas, implementadas entre 2006 e 2010, abrangem um embargo de armas, restrições ao enriquecimento de urânio e proibições ao Irã de obter tecnologia relacionada ao seu programa de mísseis balísticos.

As sanções também exerceram forte pressão sobre os setores petrolífero e financeiro do Irã.

O processo de snapback demanda 30 dias, e os europeus estão cientes de que a Rússia assume a presidência do Conselho de Segurança em outubro e pode dificultar o processo.

Irã adota medidas contra países europeus.

Na ligação telefônica com representantes do Reino Unido, França e Alemanha na sexta-feira (22), o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, advertiu que o uso do mecanismo snapback geraria sérias consequências, segundo a Press TV estatal.

O Irã está se preparando para “os piores cenários”, afirmou um funcionário iraniano à CNN na semana passada, “considerando como certo que o E3 está determinado a esgotar sua única influência restante para agradar o presidente Trump”.

O Irã está avaliando restrições à cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica, a saída do Tratado de Não Proliferação Nuclear, e a incorporação do E3 em listas de “Estados Hostis”, o que possibilitaria às forças armadas iranianas inspecionar navios registrados, destinados ou pertencentes a países europeus no Golfo Pérsico e no Mar de Oman.

A fonte afirmou que o E3 está diminuindo ainda mais seu papel irrelevante ao reclamar como uma criança frustrada. Eles perderam sua bússola moral e política, falhando em reconhecer seu status em comparação com os americanos na política de poder da Ásia Ocidental.

A reunião de terça-feira (26) será realizada em nível de vice-ministro das Relações Exteriores, informou a Press TV.

Especialistas apontam que a retomada de sanções provocada pelo snapback afetaria a já fragilizada economia iraniana.

No curto prazo, as sanções prejudicarão a economia iraniana, sobretudo gerando dificuldades na liquidez em euros, que é crucial para a capacidade do Irã de adquirir bens essenciais de forma segura, incluindo produtos farmacêuticos. O analista Esfandyar Batmanghelidj afirma que as sanções também afetarão a confiança dos consumidores e empresas no Irã.

Ele espera que a China persista na compra de petróleo iraniano. Os Emirados Árabes Unidos seguem facilitando o comércio para importadoresiranianos. O Iraque continuará atuando como mercado para exportadoresiranianos.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.