Irã prepara projeto de lei para deixar acordo que restringe armas nucleares
O Ministério das Relações Exteriores mantém sua posição oficial de oposição à destruição em massa.

Deputados iranianos estão desenvolvendo uma proposta de lei que pode resultar na saída de Teerã do Tratado de Não Proliferação Nuclear, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baghaei, na segunda-feira (16).
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Ele ressaltou, contudo, que a posição oficial de Teerã permanece sendo a de se opor ao desenvolvimento de armas de destruição em massa.
Diante dos fatos recentes, seremos capazes de tomar uma decisão adequada. O governo deve executar as leis do parlamento, embora esta proposta esteja apenas sendo elaborada, e nós a conduziremos nas fases seguintes com o Parlamento, declarou Baghaei quando questionado em uma coletiva de imprensa sobre a possibilidade de Teerã deixar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
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O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, ratificado pelo Irã em 1970, é um acordo internacional que busca evitar a propagação de armas nucleares e incentivar a colaboração no emprego pacífico da energia nuclear. Seus três pilares fundamentais são: não proliferação, desarmamento e o direito ao uso pacífico da energia nuclear, conforme a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em contrapartida ao direito de desenvolver energia nuclear, autorizado pelo tratado aos países signatários, os Estados também devem renunciar às suas armas atômicas e colaborar com as inspeções e verificações da Agência Internacional de Energia Atômica.
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Ataques recentes entre Israel e Irã.
Israel iniciou ataques a alvos militares e de cientistas nucleares iranianos na semana passada, alegando que Teerã estava à beira de construir uma arma nuclear.
Contudo, o Irã sempre alegou que seu programa nuclear é pacífico, mesmo com a decisão da AIEA na quinta-feira (12) de que o país violou as obrigações estabelecidas pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reafirmou nesta segunda-feira (16) que as armas nucleares são contrárias a um decreto religioso do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
A mídia estatal do Irã informou que não houve decisão sobre a saída do TNP, ao mesmo tempo em que um parlamentar declarou que a proposta se encontrava em fases iniciais do processo legal.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baghaei, afirmou que eventos como o ataque de Israel “afetam naturalmente as decisões estratégicas do Estado”, ressaltando que a investida ocorreu após a resolução da AIEA, que ele apontou como responsável.
“Aqueles que votaram a favor da resolução prepararam o terreno para o ataque”, declarou Baghaei.
Israel, que não aderiu ao Tratado de Não Proliferação, é amplamente visto pelos governos regionais como detentor de armas nucleares, embora não confirme nem negue essa informação.
O porta-voz declarou que o regime sionista é o único detentor de armas de destruição em massa na região.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.