O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, argumentou que, apesar dos “graves danos” sofridos pelas instalações, o país não pode “renunciar ao …
A Irã prosseguirá com o desenvolvimento de seu programa nuclear, incluindo o enriquecimento de urânio, apesar dos “danos graves” sofridos por algumas de suas instalações devido a bombardeios americanos, declarou na segunda-feira (21) o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi. O diplomata tratou do assunto em uma entrevista ao canal Fox News antes de se reunir, na próxima sexta-feira, com representantes da Alemanha, França e Reino Unido em Istambul para discutir o controle da ONU sobre o programa nuclear do país.
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O ministro assegurou que Teerã também está “aberta” a manter conversas indiretas com os Estados Unidos. Em apoio à ofensiva israelense contra o Irã, os Estados Unidos bombardearam em 22 de junho o centro subterrâneo de enriquecimento de urânio de Fordo e as centrais nucleares de Isfahan e Natanz. O presidente Donald Trump declarou que seu país faria isso novamente “se for necessário”. “Há uma paralisação porque, sim, os danos são graves, mas, evidentemente, não podemos renunciar ao enriquecimento porque é uma conquista dos nossos próprios cientistas”, explicou Araghchi na entrevista ao canal Fox News.
“E agora, além disso, é uma questão de orgulho nacional”, acrescentou. Também destacou que qualquer acordo nuclear futuro teria que incluir o direito ao enriquecimento. A reunião de sexta-feira será a primeira desde a guerra de 12 dias entre Irã e Israel em junho e o bombardeio americano às instalações nucleares iranianas. O Irã e os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, França, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia), além da Alemanha, alcançaram em 2015 um acordo que impôs limites ao programa nuclear iraniano em troca de um alívio nas sanções. Mas o acordo foi encerrado em 2018, quando Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos e retomou as sanções.
O ministro, questionado sobre a preservação do urânio enriquecido, declarou não possuir “informações detalhadas” a esse respeito, mas que a agência atômica iraniana trabalha para avaliar a “situação” desse material. Trump insistiu que os ataques de seu Exército destruíram “completamente” as três instalações nucleares e criticou relatos de imprensa que citam relatórios de inteligência com avaliações mais conservadoras.
Araghchi, ao afirmar que não existia uma solução militar para a disputa sobre o programa iraniano, declarou ao canal Fox News: “Sim, as instalações foram destruídas. Foram gravemente destruídas”. “Mas a tecnologia está lá; nosso programa nuclear, nosso programa de enriquecimento, não é algo importado do exterior que possa ser destruído com bombardeios”, afirmou.
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Trump recebeu com satisfação os comentários de Araghchi em uma publicação em sua rede Truth Social nesta segunda. “Exatamente como eu disse, e faremos de novo se for necessário!” publicou o presidente americano. “Estamos abertos a conversas, mas não diretas por enquanto”, disse Araghchi à Fox News, para alcançar um acordo sobre as medidas a serem tomadas para “demonstrar que o programa nuclear é pacífico” em troca de os Estados Unidos levantarem as sanções que pesam sobre o Irã.
O ministro iraniano também apontou que o país mantém um bom número de mísseis, apesar dos ataques de Israel aos depósitos de armamentos. Sobre o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, o ministro garante que o viu “em muito boa forma e muito saudável” durante um encontro que ambos tiveram horas antes da entrevista à Fox News.
Com informações da AFP.
Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.