IPCA registra queda de 0,11% em agosto

A queda na cotação do índice representa o maior declínio observado desde setembro de 2022.

10/09/2025 11:56

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IPCA registra queda de 0,11% em agosto
(Imagem de reprodução da internet).

O Brasil apresentou deflação em agosto – isto é, os preços ficaram, em média, mais baratos. É o que aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou nesta quarta-feira o recuo de 0,11% nos preços do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a “inflação oficial” do país.

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A queda de preços (-0,02%) representa a primeira inflação negativa desde agosto de 2024 e a mais acentuada desde setembro de 2022 (-0,29%). Em julho, os preços haviam aumentado 0,26%.

Em agosto de 2025, o acúmulo de 12 meses alcança 5,13%, inferior aos 5,23% dos 12 meses encerrados em julho, porém ainda superior à meta do governo, que era de até 4,5%.

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A fatura de energia elétrica registrou uma redução de 4,21% no mês, gerando um impacto negativo de 0,17 ponto percentual (p.p.), sendo o item que mais contribuiu para a diminuição da inflação. Diante disso, o setor habitacional apresentou uma queda de 0,90%. Essa retração nesse conjunto de preços foi a maior para um mês de agosto desde o início do Plano Real, em 1994.

O benefício se refere ao Bônus de Itaipu, que representa um desconto na conta, impactando 80,8 milhões de consumidores. Conforme divulgado pela Agência Brasil, a bonificação surtiu efeito na bandeira tarifária vermelha 2, que eleva em R$ 7,87 o valor da conta de luz a cada 100 Kwh consumidos.

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Contudo, o coordenador da pesquisa, Fernando Gonçalves, previu que ocorrerá a reversão dessa deflação na fatura de energia elétrica em setembro, uma vez que as cobranças não incluirão mais o abatimento. “No próximo mês haverá uma variação mais elevada.”

O setor de bens industriais e de consumo (-0,46%) registrou sua terceira queda consecutiva. O índice de transportes (-0,27%) também contribuiu para que o IPCA apresentasse resultado negativo. Nos últimos três meses, o segmento de bens industriais e de consumo acumulou uma queda de -0,91%. O índice de transportes (-0,27%) também ajudou a deixar o IPCA negativo.

Fernando Gonçalves estima que os itens de habitação, alimentação e transportes, considerados em conjunto, correspondem a uma variação de -0,3 pontos percentuais na inflação. Ele afirma que, sem esses componentes, o resultado do IPCA de agosto seria de 0,43%.

Outros grupos

Os segmentos de comunicação e artigos de residência também apresentaram queda, com variação de -0,09% e impacto nulo (0 pontos percentuais) no índice.

Nos demais grupos, os preços aumentaram em média: educação (0,75%), saúde e cuidados pessoais (0,54%), vestuário (0,72%) e despesas pessoais (0,40%).

O índice de difusão, que representa o percentual dos 377 subitens com elevação de preço, atingiu 57% em agosto. Em julho, o índice estava em 50%. Contudo, analisados apenas os índices alimentícios, o índice de difusão diminuiu de 50% para 47% na transição de julho para agosto.

Alimentos

A terceira redução consecutiva na alimentação foi motivada pela dieta doméstica, que diminuiu 0,83%. O IBGE aponta que o aumento da oferta de produtos causou a queda nos preços, em especial tomate (-13,39%), manga (-18,40%), arroz (-2,61%), café moído (-2,17%), mamão (-10,9%), batata-inglesa (-8,59%) e cebola (-8,69%).

Conforme Gonçalves, não se consegue determinar se a tarifação americana, iniciada em agosto, influenciou a queda desses preços. O reduzido volume de frutas brasileiras enviadas para os Estados Unidos pode ter contribuído para um aumento da oferta desses alimentos no Brasil, auxiliando na diminuição dos preços.

A alimentação fora de domicílio, que havia crescido 0,87% em julho, reduziu-se para 0,50% em agosto.

Transportes

A queda na área de transporte (-0,27%) se deve à redução nos preços das passagens aéreas, que caíram 2,44% em agosto, período após o mês de férias escolares, quando a alta demanda eleva os valores.

Os combustíveis apresentaram queda de (-0,89%). A gasolina, item com maior peso na composição do índice pesquisado pelo IBGE, registrou uma variação de -0,94% em média, sendo o segundo subitem com maior impacto negativo (-0,05 pontos percentuais) no IPCA.

O etanol (-0,82%) e o gás veicular (-1,27%) também diminuíram, ao passo que o óleo diesel aumentou 0,16%.

O coordenador da pesquisa, Fernando Gonçalves, explica que a redução do preço da gasolina pode ser atribuída à nova definição da mistura de etanol na gasolina, que aumentou de 27% para 30% do produto final a partir de agosto.

Educação

O aumento de 0,75% do grupo educação em agosto é o maior para o mês desde 2016 (0,99%). A justificativa reside no reajuste das mensalidades nos cursos regulares (0,80%), sobretudo devido ao ensino superior (1,26%) e ao ensino fundamental (0,65%). O crescimento dos cursos diversos (0,91%) foi influenciado pelos cursos de idiomas (1,87%).

Gonçalves explicou que há alta nesse grupo em agosto, assim como acontece nos meses de fevereiro, também marcado por reajustes anuais. Em fevereiro de 2025, o aumento foi de 4,7%.

Serviços e preços regulamentados

O IBGE divide os preços em dois grupos: serviços e preços monitorados. Os serviços estão relacionados a preços que acompanham a dinâmica da economia. Neste grupo, o IPCA reduziu-se de 0,59% para o período de julho para agosto.

A inflação apresentou variação de 0,67% para 0,61% nos preços monitorados, que possuem reajustes controlados pelo governo ou por contratos e não refletem o impacto do aquecimento ou esfriamento da economia.

Inflação oficial

O IPCA mensura o custo de vida de famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. Atualmente, o valor do salário mínimo é R$ 1.518.

A coleta de preços do IPCA é realizada em dez regiões metropolitanas — Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre — além de Brasília e nas capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

O índice é a principal métrica para o acompanhamento da política de metas de inflação. A meta atual estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo, representando um intervalo de 1,5% a 4,5%.

A partir de 2025, o período de avaliação da meta se refere aos 12 meses imediatamente anteriores e não apenas ao resultado final do ano (dezembro). A meta é considerada descumprida somente se houver estouro do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o que ocorreu em junho.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte por: Carta Capital

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.