Investir em infraestrutura: evite custos adicionais no futuro

Na CNN Talks COP30 – Resiliência Climática, o CEO da Motiva, Miguel Setas, argumenta pela necessidade de investimentos preventivos em face da ocorrência…

14/07/2025 10:49

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

O tema da resiliência já não é mais futuro — é urgência. No painel “Brasil: Infraestrutura em Risco — Resiliência ou Colapso?” do CNN Talks COP30 — Resiliência Climática: Regulação e Financiamento, realizado nesta terça (8) em Brasília, o CEO da Motiva (antiga CCR), Miguel Setas, apresentou um diagnóstico contundente: o setor de infraestrutura brasileiro está diante de um ponto de inflexão.

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A decisão ressaltou a importância de um diálogo com a sociedade brasileira para determinar qual estratégia o Brasil irá adotar no enfrentamento dos eventos climáticos extremos: “Preferimos ser preventivos e investir antes da ocorrência de eventos climáticos ou aguardaremos a tragédia, respondendo somente depois com custos muito maiores para a sociedade?”, indagou, utilizando como exemplo dois episódios recentes que afetaram a Companhia: o deslizamento na BR-101 (Rio-Santos), em fevereiro de 2022, na chegada ao Litoral Norte de São Paulo, que teve um custo estimado em R$ 300 milhões, e os danos no Rio Grande do Sul, um desastre que demandou R$ 250 milhões para a recuperação.

Os dois incidentes geraram para a organização perdas na ordem de 550 milhões de dólares, ressaltou. Para o profissional, esse montante significativo evidencia a urgência de reavaliar as prioridades.

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Planejamento anual e metas até 2035

A Setas implementa atualmente uma estratégia de resiliência climática para as operações de rodovias, trens, metrôs, VLT e aeroportos, buscando alcançar a meta de possuir planos de mitigação para 100% de seus ativos críticos. “Parte dessa estratégia envolve o monitoramento “hora a hora” dos riscos climáticos para pensar ações preventivas. Levar o risco climático para nossa tomada de decisão e ter planos de crise para quando crises acontecem estão entre nossas preocupações diárias”, declarou em entrevista à CNN Talks.

Investimento em infraestrutura

A trajetória apontou que a expansão e a manutenção da infraestrutura devem assegurar qualidade e segurança — e, atualmente, incorporar a aposta na resiliência. Ele mencionou a recuperação da BR-386, no Rio Grande do Sul, como caso emblemático: além da reconstrução, foram adotadas soluções construtivas reforçadas — como taludes que evitam deslizamentos — já projetadas para resistir a eventos climáticos futuros.

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As soluções construtivas atualmente são muito mais preparadas para os eventos climáticos que ocorrerão com maior frequência do que no ano anterior. Cada quilômetro de rodovia possui a sua solução — é um trabalho contínuo, não uma solução imediata.

Novas avenças com disposições ambientais.

O diretor executivo também fez louvor ao progresso regulatório. “Os novos contratos de concessão de rodovias já contemplam mecanismos para aplicar até 1% da receita bruta no investimento em infraestrutura resiliente. Isso é um passo importante, e precisamos aprofundar esses mecanismos de incentivo a um investimento direcionado à preparação”, concluiu.

O COP30 é um espaço de discussão que promove mudanças significativas.

A participação na COP30, que ocorrerá em Belém, representa uma chance de aumentar a discussão sobre a construção de uma infraestrutura mais resistente, com foco em “debater o impacto social das catástrofes ambientais e o financiamento para essa resiliência climática”.

O estudo apontou que, em nações de porte continental, como o Brasil, com o aumento das fragilidades climáticas, agir preventivamente deixa de ser uma alternativa para se tornar uma exigência estratégica. A decisão é crucial: investir antecipadamente ou arcar com custos maiores no futuro.

A COP30, reunindo lideranças e especialistas no coração da Amazônia, visa impulsionar políticas e investimentos que preparem o país para os desafios climáticos do século XXI. O roteiro é evidente: ou se priorizam ações preventivas e bem planejadas, ou o ônus das consequências aumentará progressivamente para a sociedade como um todo.

Fonte por: CNN Brasil

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.