Investigador da PF, acusado de integrar o núcleo da desinformação, afirma não ter contato com Bolsonaro
Marcelo Bormevet coordenou a Abin no governo do ex-presidente e foi considerado ‘assessor’ de Alexandre Ramagem, então diretor-geral da agência.

No depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o policial federal Marcelo Bormevet negou as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que teria orientado investigações sobre adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro e, em seguida, o disparo de notícias falsas nas redes sociais. Bormevet foi o primeiro réu do núcleo da “desinformação” da ação penal da trama golpista a depor. “Não conversava com o presidente Bolsonaro e nunca o encontrei”, afirmou o agente federal. A audiência é presidida pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
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A Procuradoria-Geral da República alega que, durante seu trabalho na Abin, Marcelo Bormevet operava uma central de contrainteligência, empregando ferramentas de investigação, incluindo o programa “First”, para monitorar “adversários” do ex-presidente Bolsonaro e, em seguida, repassar informações para “vetores de propagação em redes sociais (perfis falsos e perfis cooptados)”. Ao ser questionado sobre a acusação, Bormevet declarou que “a coordenação não tinha acesso ao sistema First Mile”.
Nunca tive acesso ao sistema e meus subordinados também não tinham acesso. O subtenente do Exército Giancarlo Rodrigues, alocado na Abin e seu subordinado direto, tinha acesso ao sistema antes de chegar à minha coordenação. Ele faz referência ao subtenente Giancarlo Rodrigues, alocado na Abin e seu subordinado direto. Na denúncia, a PGR aponta que Bormevet orientava Giancarlo, seu subordinado, a realizar pesquisas de possíveis alvos. “O usuário GCL, utilizado por Giancarlo, foi diretamente responsável por 887 pesquisas no sistema First Mile, além de outros possíveis acessos realizados por meio de senhas compartilhadas”, acusa a Procuradoria.
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O Ministério Público citou que Bormevet orientou o subtenente a realizar investigações sobre um inquérito que apurava informações sobre um dos filhos de Bolsonaro, Jair Renan, a pedido do próprio presidente na época. “Bormevet informou a Giancarlo, na ocasião, que possuía demanda urgente e pediu que ele pesquisasse ‘quais carros estão em nome do filho Renan do PR’. Veja a mãe dele também”, afirmou a denúncia. Sobre o caso, Bormevet confirmou que recebeu a requisição da diretora-geral da Abin, mas nega ter cometido irregularidades. Ressaltou que não mantinha contato com o ex-presidente Bolsonaro.
Desinformação
A PGR alega que Bormevet elaborou um dossiê contendo informações falsas sobre as urnas eletrônicas e os ministros do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, “com o propósito de desmerecê-los e o processo eleitoral”. De acordo com o inquérito, Bormevet publicou uma reportagem que vinculava Fux a um escritório da família do ministro Luís Roberto Barroso no Banco Itaú e “destacava a participação acionária do banco na empresa Positivo”.
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Independentemente da origem da informação – “Pode jogar no grupo dos malucos se quiser” –, Bormevet orientou sobre como deveria ser realizado o ataque aos ministros. Ao responder questionamentos da PGR, o policial federal negou ter envolvimento na produção de notícias falsas.
Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Fernando Dias
Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.