Investigador da Abin utilizou instrumento e prejudicou apuração, determina o PF

O investigado exerceu o cargo de Diretor de Operações de Inteligência na gestão Ramagem e também foi Secretário de Planejamento na gestão Corrêa.

18/06/2025 9:59

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Investigador da Abin utilizou instrumento e prejudicou apuração, determina o PF
(Imagem de reprodução da internet).

O diretor da Agência Brasil de Inteligência (Abin), Paulo Maurício Fortunato Pinto, é uma das figuras centrais no relatório da Polícia Federal (PF) que aponta desvio de finalidade do órgão com o uso da ferramenta FirstMile, de geolocalização de celulares, e suposto cerceamento das investigações.

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De acordo com informações contidas em um relatório de mais de 800 páginas, o oficial atuou como diretor do Departamento de Operações de Inteligência (Doint), sendo responsável por demandar e idealizar a aquisição da ferramenta em 2018. Fortunato Pinto exerceu funções de liderança na agência durante os governos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A investigação indica que ele permaneceu como diretor do Doint em 2019, período em que Alexandre Ramagem era diretor-geral da Abin, ocasião em que “já com a ferramenta comprada”, ocorreu o desvio de finalidade em seu uso, conforme a PF.

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Fortunato Pinto continua como diretor até 2021, data em que, após um desentendimento com Ramagem, ele opta pela aposentadoria.

O relatório também aponta que, em 2023, já no atual governo, ele foi convidado por Luiz Fernando Corrêa, atual diretor-geral da Abin, para abandonar a aposentadoria e ocupar a terceira posição na estrutura do órgão. Ele, então, retornou à agência de inteligência como Secretário de Planejamento e Gestão, tendo sido nomeado em abril de 2023.

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A Polícia Federal destaca que não havia interesse da gestão em que a investigação avançasse, pois isso teria envolvido diretamente PAULO MAURÍCIO FORTUNATO PINTO na responsabilidade pela aquisição e uso desviado da ferramenta.

Paulo Maurício Fortunato Pinto é um dos mais de 30 investigados indicados no inquérito que ficou conhecido como “Abin paralela”: por integrar o grupo de inteligência paralela sob a gestão Ramagem; e por suposto embaraço na gestão do Corrêa, que também foi indiciado, como revelou a CNN.

Fortunato foi investigado pela PF na primeira fase da operação que investigou a “Abin paralela”. Ele teve o cargo afastado por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Na sua residência, foram apreendidos US$ 170 mil em dinheiro.

A CNN não localizou a defesa do indiciado. A área permanece aberta. A Abin informou que não se manifestará neste momento.

Investigação da Abin paralela

A Polícia Federal investiga, desde 2023, o emprego indevido de instrumentos de vigilância na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no caso popularmente denominado “Abin Paralela”. Há suspeitas de que a estrutura da Abin tenha sido utilizada para o monitoramento irregular de membros do governo e ministros do Supremo Tribunal Federal.

Na terça-feira (18), a Polícia Federal confirmou a atuação de Jair Bolsonaro pelo crime de organização criminosa. De acordo com as investigações, o ex-presidente tinha conhecimento do funcionamento da estrutura, não tomou medidas para interromper a prática e a usou para se beneficiar.

O nome do ex-presidente não consta necessariamente na listagem formal, pois ele já responde pelo mesmo crime na ação do golpe. Em virtude do princípio da vedação da dupla incriminação, uma pessoa não pode ser responsabilizada duas vezes pelo mesmo fato.

Alexandre Ramagem é considerado o principal responsável pela organização do esquema ilegal de vigilância. Ele exerceu o cargo de diretor da Abin durante o governo Bolsonaro.

O vereador Carlos Bolsonaro foi indiciado por liderar o denominado “gabinete do ódio”, que teria empregado informações provenientes da Abin de forma paralela para criar e divulgar conteúdos nas redes sociais com o propósito de atacar oposição política do ex-presidente.

A direção da Abin foi indiciada em razão de suspeitas de tentativa de obstruir investigações. Em uma das etapas de busca e apreensão, servidores da Abin teriam se omitido em relação a computadores, que foram depois encontrados e apreendidos.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.