Investigação aponta envolvimento de ex-diretor da PF em operação de extração de dados

Delegado lucra R$ 30 milhões em operação da Polícia Federal que investiga fraude em licenças ambientais.

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(Imagem de reprodução da internet).

A apuração da Polícia Federal em Minas Gerais acerca de corrupção e organização criminosa para fraudar licenças ambientais em atividades de mineração revelou mensagens trocadas entre os investigados, incluindo o delegado Rodrigo de Melo Teixeira, ex-diretor de Polícia Administrativa, sediado em Brasília.

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O relatório de investigação, ao qual a CNN teve acesso, aponta que o delegado obteria R$ 30 milhões com o esquema, conforme revelado pela emissora na quarta-feira (17), dia em que o investigador foi preso.

O documento da PF aponta que Teixeira trocava mensagens com empresários, mencionando-o como “pessoas de confiança” para indicar em cargos em Minas Gerais, visando “não complicar a vida da mineração”.

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A PF apontou que RODRIGO atua na convocação de reuniões, coordenação da redação e do envio de minutas contratuais, definindo cláusulas, valores de participação, bem como orientando LUIZ e GILBERTO [empresários] sobre atos societários e bancários, mesmo ocupando a Diretoria de Polícia Administrativa da Polícia Federal.

Informações obtidas através de interceptações indicam que, nos dias 4 e 5 de janeiro de 2023, com o início do novo mandato da Polícia Federal, dois empresários – também alvos – discutiram a nova posição de Rodrigo como diretor da PF: “O Rodrigo Teixeira já está presente, já está comandando e tomando decisões na Polícia Federal, já está reorganizando tudo internamente”.

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Em outra ocasião, conversam com interesse quanto às indicações do governo federal para Minas Gerais, sobretudo nas áreas que pudessem impactar a área de mineração. E comentam sobre a indicação que pudesse “controlar” investigações da PF no estado. Falaram da possibilidade de sugerir um nome para assumir a Superintendência da PF em Minas Gerais de forma a não complicar “a vida da mineração”. Teixeira foi superintendente da PF no estado antes de ir a Brasília como diretor.

É preciso analisar cuidadosamente essas nomeações, realmente. Caso contrário, isso complicará a vida da mineração consideravelmente. O Rodrigo está avaliando ainda os cargos, sabe? Ele ainda não tem um nome definitivo para isso, não. Ele está avaliando com alguns colegas, mas ainda não tomou a decisão final. Seria interessante conversar com ele, então. Se houver alguém para indicar, seria bacana.

O relatório da Polícia Federal também indica que o delegado participava dos grupos de mensagens das empresas investigadas e coordenava reuniões. Além disso, possuía a própria empresa como sócio oculto da esposa.

A Polícia Federal aponta que ele era o principal responsável por 95% das mensagens, além de ter enviado documentos e uma procuração para uma mineradora. A PF também ressalta que a empresa não possui funcionários registrados e que o endereço listado corresponde a uma clínica de estética da esposa.

O relatório da PF menciona o nome do ex-diretor da PF 108 vezes.

Declaração indeferida.

O delegado está sob investigação desde que assumiu a direção da Polícia Administrativa, da estrutura da PF em Brasília, em janeiro de 2023.

A Polícia Federal aponta que ele foi ouvido em depoimento, de maneira informal, na sede da PF em Brasília, e negou envolvimento.

RUI BARBOSA afirmou, em entrevista realizada durante procedimento sumário de setembro de 2023, sob responsabilidade da Diretoria de Inteligência Policial da Polícia Federal, que não detinha vínculos com a empresa GMAIS, em nome de sua esposa, o que não se confirma nas evidências coletadas pelas investigações.

O depoimento afirmava: “Que o entrevistado não participou de nenhuma reunião conduzida pelos sócios da GMAIS AMBIENTAL para propor o investimento a empresas de mineração (…). Que ressaltava não ter qualquer ligação ou proximidade com mineradoras do estado; Que nunca utilizou sua posição de Delegado para favorecer qualquer empresa desse setor; Que desconhecia qualquer relação de sua esposa e sua empresa de consultoria com mineradoras potencialmente investigadas.”

A Polícia Federal não tem dúvidas da participação do delegado, sendo solicitada a prisão preventiva dele como investigado, autorizada pelo Poder Judiciário com o aval do Ministério Público.

A defesa de Rodrigo Teixeira ainda não se pronunciou sobre o ocorrido. O assunto permanece em aberto.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.

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